domingo, 29 de setembro de 2013

 Os Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Titãs:    


Capítulo 5

O voo do dragão adormecido

- Levante-se! 

    - Eu não consigo, pai... - Admitiu Ryuho caído no chão, com uma voz falha e ofegante.
    - Seus inimigos não vão esperar por você. Levante-se!
    Ryuho apoiou as duas mãos feridas no chão e se ergueu com o corpo tremulo e pesado como pedra. Suas roupas encontravam-se rasgadas e seus braços tinham finos cortes, como se ele tivesse sido atingindo por agulhas. O filho do Mestre do Santuário com a doce e religiosa Shunrei, nascera há treze anos. Naquela época Shiryu ainda não era o mestre e vivia com sua esposa, em um tempo tranquilo que muitos julgaram ser o tão esperado tempo de paz. Ryuho crescera nas terras dos Cinco Picos Antigos, onde seu pai se tornou o cavaleiro de Dragão. Recebeu ensinamentos de Shiryu e ouviu todas as histórias das muitas batalhas no qual o pai havia enfrentado ao lado de Seiya, Hyoga, Shun e Ikki. Mesmo assim, ele nunca demonstrou grande entusiasmo quando o pai o lembrava que um dia ele também se tornaria um cavaleiro de Atena. Ryuho sentia-se bem na sua terra e não via necessidade de sair dela por nada. Atena não vai sentir minha falta. Disse ele certa vez para o pai. Ela tem muitos cavaleiros, e também, todos os inimigos foram derrotados, não temos o que temer.
    As palavras de Ryuho deixaram Shiryu enfurecido, e como repreensão o Lendário guerreiro mandou seu filho ir para casa e lá ficar confinado por dois dias lendo livros sobre mitologia e a importância do Cosmo. Além disso, o fez repensar sobre a questão de proteger Atena. O jovem pouco se interessou pelo assunto, mas leu e refletiu sobre o que o pai tinha dito.
    - Controle suas emoções! - bradou Shiryu - para alcançar o Cosmo você deve se manter concentrado e calmo. Se continuar agindo dessa maneira afobada, jamais irá reverter o fluxo da cachoeira!
    Ryuho olhou para o pai e assentiu.
    - Agora vá! 
    Ryuho cerrou os punhos e se pôs em movimento, andou por algum tempo e depois correu em direção as águas silenciosas e claras da cachoeira de Rozan. O golpe foi rebatido pela força da água e o filho de Shiryu foi lançado à metros de distância, chocando-se com uma rocha; na qual já havia batido dezenas de vezes.
    - É impossível! - Protestou Ryuho, como se estivesse usando a pouca força que lhe restava para falar.
    - Os cavaleiros existem para isso. Eles fazem o impossível, e são capazes de operar milagres! Levante-se!
    Ryuho tentou levantar apoiando as mãos no chão, mas o peso do seu corpo ferido o levou novamente para baixo. Sentia os músculos de seus braços e pernas dormentes, e a cabeça doía muito. Seu peito ardia como se ali estivesse um pedaço de carvão em chamas.
    - Olhe para mim, Ryuho. - chamou Shiryu com uma voz branda e com o tom autoritário de antes - Infelizmente, você ainda não entendeu o que é o cosmo e nem o que ele significa. Sem esse conhecimento você só vai se machucar. Jamais irá reverter o fluxo da cachoeira desse jeito. Lembre-se de todos os meus ensinamentos e de tudo que lhe falei de Atena e dos meus companheiros.
    Ryuho direcionou os olhos para pai, e ouviu as palavras de maneira atenta, mas sua mente estava em outro lugar distante no qual ele jamais tinha ido ou conhecesse. A única certeza que seu coração alimentava era o fato de ele não ser um cavaleiro como o pai.
    - Eu lembro e entendo, pai. - mentiu Ryuho, com uma voz falha e cansada.
    - Não, não lembra. Portanto vou explicar novamente. - O Mestre do santuário aprumou-se; mantendo as costas eretas. Fechou os olhos, e juntou as mãos próximo das pernas. Shiryu ficou em silêncio por alguns segundos naquela posição de meditação, deixando que o vento refrescante que corria nos Cinco Picos Antigos percorrer todo o seu corpo.
    - O cosmo é a principal fonte de energia dos cavaleiros - Disse Shiryu, quebrando o silêncio que tinha imposto a si. - mas é muito mais do que poder de destruição. Cosmo é o conceito  filosófico baseados tanto em filosofias orientais quanto ocidentais e é a origem da vida e da matéria do universo. A cosmo-energia dos cavaleiros de Atena, está relacionada com os átomos de qualquer material e seus movimentos. Utilizando este poder, é possível destruir os átomos, controlar sua velocidade e até mesmo transmutar materiais. O cosmo pode ser despertado por qualquer humano, mas dificilmente um adulto leigo no assunto o despertará, pois este geralmente estará preso ao "mundano senso comum", que prejudica a compreensão de milagres. - O Mestre do Santuário fez uma pausa e concentrou seu poder ao redor do corpo. Uma massa esverdeada envolveu Shiryu e se expandiu até sobrepor todo o espaço que estava num raio de dez metros. - Mas, caso um adulto já tenha despertado o seu cosmo, certamente ele terá uma cosmo-energia muito mais poderosa do que ele imagina.

    Ryuho continuou com a atenção voltada para o pai. Aquilo não era nenhuma novidade para ele, sabia o quanto Shiryu era poderoso, e já havia presenciado a demonstração de tal poder umas duas mil vezes em toda a sua vida.
    O Mestre do Santuário prosseguiu enquanto permanecia elevando o seu cosmo.
    - A origem do poder cósmico é um pequeno universo que existe no interior dos seres vivos, apesar de apenas parte deles poder sentir este universo. Quando o cosmo do indivíduo é elevado, este universo se expande, criando um fenômeno conhecido como "aura." A aura é a manifestação visual da queima do cosmo, que é o estágio intermediário da elevação do mesmo. Durante a queima do cosmo, o universo interior do indivíduo arde, e a aura se expande conforme a temperatura aumenta, se o cosmo for elevado o suficiente, ele explodirá. A explosão do cosmo gera um pequeno Big Bang no interior do indivíduo, expandindo sua aura ao volume máximo e permitindo que ele acesse a essência do cosmo, o sétimo sentido.
    Naquele momento Shunrei chegou ao local do treinamento, mas sabia que deveria se manter afastada.
    - Apenas acordando o cosmo, uma pessoa pode ganhar habilidades diversas, como telepatia ou intuição. Elevando o cosmo se é possível atingir velocidades subsônicas, quando o indivíduo o queima, pode atingir velocidades ultra-sônicas ou Mach de 100 golpes por segundo. A explosão do cosmo aumenta a velocidade dos golpes para absurdos Mach 800+, atingindo a velocidade da luz em Mach 880.97 você será capaz de alcançar bilhões de golpes por segundo...
    - Isso é loucura, pai! - Gritou Ryuho interrompendo Shiryu.
    Shunrei arregalou os olhos e estremeceu, ela nunca tinha visto o filho daquela maneira.
    - Como é que uma criança de treze anos será capaz de despertar um poder que visa explodi-lo por dentro. - apontou para a cachoeira e prosseguiu. - Além disso, é impossível reverter o fluxo dessas águas.
    - Já falei dezenas de vezes que não é! - Bradou Shiryu. E novamente Shunrei estremeceu. - Eu consegui quando ainda era uma criança. Você é meu filho, e tudo que aprendi com meu venerável mestre eu lhe passei. Você é forte e conseguirá, basta querer!
    - E se eu não quiser! - Gritou Ryuho como se suas últimas forças estivessem expressas naquelas palavras. - Será que o senhor não entende. Eu não quero ser cavaleiro. Eu quero viver aqui, com a minha mãe e você, pai! Entenda isso, por favor. Eu não pedi para treinar e quem foi que disse que eu devo ser um guerreiro como o senhor foi?
    Shunrei colocou as mãos sobre os lábios horrorizada, mas seus olhos não conseguiram esconder todo o espanto que sentia.
    As palavras de Ryuho penetraram como uma flecha maligna no peito do Mestre do Santuário. Ele nunca pensou em ouvir aquilo de seu filho. Na verdade, Shiryu recusava-se em acreditar que estava escutando aquilo. Viajara quilômetros para passar os últimos ensinamentos para o filho, e finalmente lhe entregar a sua armadura de dragão, para que Ryuho lutasse ao seu lado pela paz na terra e pela segurança de Atena. Mas todo aquele sonho e desejo havia sido levado pelas águas da cachoeira que desciam claras e silenciosa nos Cinco Picos Antigos.
    - Está bem. - Disse Shiryu diminuindo a intensidade do seu cosmo, até que a luz se extinguiu. - Não há mais nada o que dizer e nem lhe ensinar. Vou respeitar sua decisão, Ryuho. Seu treinamento acabou.
    Shiryu levantou-se e sem dar mais nenhuma palavra seguiu à passos longos para casa.
    - Espere, querido. - Disse Shunrei com sua eterna e serena voz. - O que aconteceu? Diga-me.
    O Mestre do Santuário apanhou as mãos da esposa nas suas, acariciou e depois se afastou sem dar qualquer tipo de explicação. Shunrei olhou na direção de Ryuho que tinha os olhos direcionados para o nada, numa direção contrária. Ela percebeu que ele chorava. Talvez estivesse arrependido das palavras que tinha dito ao pai ou esperava um pedido de desculpas dele.
    Shunrei pensou em dezenas de coisas que poderia dizer para acalmar os dois. Ele sabia que a vida de uma cavaleiro não era fácil, pois convivera com isso durante toda a sua vida esperando Shiryu durante as noites e dias, ou até mesmo rezando por ele enquanto lutava. Ela também pensou na possibilidade de Ryuho mudar de ideia. O filho estava se sentindo pressionado desde que o pai chegou e não sabia como agir. Sua missão era despertar o cosmo e se tornar um cavaleiro, mas ninguém nunca o perguntou se era isso que ele queria.
    O tempo passou, e Shunrei permaneceu em silêncio. Voltou para casa ao lado do filho, mas não disse nada sobre o assunto. Na verdade ela não puxou nenhum tipo de conversa com ele.
    Quando chegaram em casa, viram Shiryu sentado numa mesa bebendo um chá. A fumaça branca da bebida esvoaçava da caneca. Ela sorriu ao ver o marido, mas ele desviou o olhar sem expressar qualquer afeto ou demonstração de carinho. Ryuho abaixou a cabeça e seguiu para o quarto.
      Um ruído oco, e a porta se fechou
    - A culpa é minha... - lamentou Shunrei.
    - O que disse? - indagou o Mestre do Santuário afastando a caneca da boca.
    Shunrei desabou sobre a outra cadeira e chorou
    - Eu sou muito fraca, Shiryu. Nunca faço nada para ajudar - o choro se intensificou. - Agora você e o nosso filho estão brigados e o que eu faço? Nada... Nada!
    Shiryu soltou a caneca de chá na mesa e se aproximou de Shunrei.
    - Não fale isso, por favor. Você não culpada de nada, minha querida. Nem mesmo o Ryuho é culpado, ele apenas quis ser respeitado e exigiu sua liberdade de expressão que é direto de qualquer pessoa. Eu sou o único errado aqui. Errado em querer fazer do meu filho, uma pessoa que ele nunca quis ser.
    A conversa deles se estendeu durante toda a noite. Ryuho havia se trancado no quarto, sentado atrás da porta com os joelhos junto ao peito, para ouvir tudo o que os pais conversava. O cansaço era mais forte e ele não conseguia suportar, além dos ferimentos que latejavam e ardiam agora que o sangue estava frio. Ryuho apoiou a cabeça na madeira e direcionou os olhos para o teto do quarto. Não sabia o que pensar, mas de certa forma sentia-se melhor naquele momento. Finalmente conseguiu dizer ao pai que não queria ser cavaleiro, depois de tantos anos sendo pressionado por essa decisão que nunca foi a sua.
    Ryuho pegou no sono ali mesmo, mas quando acordou estava deitado no chão com a cabeça apoiada em um chinelo de palha. Ainda sentia dores no corpo, porém os ferimentos não ardiam mais. O sangue estava seco.
    O filho de Shiryu olhou para a janela e tentou intuir que horas seria naquele momento. Ainda estava escuro, não deveria ter dormido mais do que três horas...
    - Vou partir amanhã bem cedo. - ouviu a voz do pai ecoar da sala.
    - Por favor, Shiryu, espere mais um pouco. - Suplicou Shunrei. - Amanhã vou conversar com o Ryuho e talvez com a cabeça fria ele reconsidere e até aceite a treinar novamente.
    - Não. O treinamento de Ryuho acabou, e eu tenho que voltar. Atena precisa de mim no Santuário e os meus amigos também, nosso inimigo está prestes a despertar e não temos tempo a perder. - A voz do pai continuava ríspida e trovejante como na hora do treinamento. Um barulho oco soou na sala. - Obrigado pelo chá querida, agora preciso descansar.
    Fez-se silêncio do outro lado da porta, e então a conversa cessou. Ryuho voltou a olhar para a janela e pela primeira vez começou a pensar no que poderia fazer agora que estava livre. A primeira coisa que lhe veio a cabeça foram os estudos, ele sonhava em viajar pelo mundo e conhecer outras florestas e novas montanhas. Também queria ser médico, se imaginou de jaleco e correndo de um lado para o outro com pressa para ajudar as pessoas. Pensou nas pessoas pobre da China, que passavam fome e problemas de saúde, e desejou de todo o coração ser a solução para aquilo tudo.
    - Eu vou lutar da minha forma... - as palavras saíram de sua boca como se ela tivesse vontade própria.
    A imagem de Ryuho vestindo a armadura de dragão também se materializou em sua mente. Menando a cabeça, ele tentou afastar aquele pensamento. Eu não sou cavaleiro. Disse para si. Mas a imagem ainda estava lá, viva e intensa como se fosse real. Eu não serei cavaleiro... nunca!
    Naquele momento uma dor infernal tomou conta do corpo de Ryuho e ele caiu novamente no chão. Seus braços e pernas ardiam como se ele estivesse pegando fogo. Sua cabeça ganhou o peso do mundo e as imagens de sua mente tornaram-se uma confusão de desejos futuros. Ryuho começou a se contorcer, não sabia o que era aquilo, jamais tinha sentido algo tão ruim. E foi então que a dor passou momentaneamente e ele ouviu uma voz feminina que disse:
    "Cavaleiros... Eu peço desculpas por estar tomando essa decisão tão repentina, mas eu devo ir ao Monte Everest atrás de Atlas sozinha. Na verdade, eu levarei Shina comigo, pois para resgatarmos a armadura de Serpentário é necessário o poder dela. Mas eu não quero envolvê-los nessa batalha que pode ser a mais perigosa de todas. A terra precisa de vocês, e eu não quero arriscar a segurança desse querido planeta. Por isso, irei até Atlas para impedir que ele desperte de vez e assim venha por em perigo a nossa paz. Perdoe-me meus Lendários e os novos cavaleiros... E também, aqueles jovens que treinaram intensamente e lutaram para alcançar esse objetivo, mas que infelizmente não conseguiram despertar o cosmo... Eu amo todos vocês."
    A dor repentina voltou a dominar o corpo de Ryuho. Seu peito era a parte que mais doía, e ele percebeu que o peso de sua cabeça não era nada comparado ao que ele sentia em seu coração. A deusa Atena falou comigo...
    Um ruído estrondoso que ecoou da sala, fez Ryuho se levantar mesmo sentindo tanta dor. Quando ele abriu a porta no quarto, deparou-se com seu pai correndo em direção a saída da casa. A expressão no rosto de Shiryu era de desespero e uma fisionomia de medo que Ryuho nunca tinha presenciado nele.
    - O que aconteceu pai... De quem era aquela essa voz? É Atena?
    Shiryu parou, mas nada respondeu.
    - Por favor, pai! Era Atena... foi ela quem falou comigo?
    O Mestre do Santuário abriu a porta ainda em silêncio. Deixou que a brisa da noite adentrasse a casa e tomasse o ambiente trazendo um doce aroma de lavanda.
    - Pai! O que está acontecendo? Quem é Atlas... E o que é armadura de Serpentário?
    Shiryu soltou a porta e virou-se para o filho. Sua expressão era outra, e naquele momento seus olhos cintilavam um sentimento de aversão.
    - Volte para o seu quarto, Ryuho. Isso é assunto para os cavaleiros, e você não é um cavaleiro.
    Shiryu virou as costas e correu para a escuridão da noite que cobria o céu dos Cinco Picos Antigos. Shunrei saiu em disparada do quarto logo depois, mas já era tarde. Ryuho ficou atônico com os olhos direcionados para a saída da casa, pensando em tudo que tinha falado para o pai naquele dia... Lágrimas surgiram em seus olhos e escorreram por seu rosto, como se todo aquele peso do mundo que sentira minutos atrás estivesse sendo derramado com elas.
    - Shiryu... - disse Shunrei antes de desabar em choro no chão da sala.

    Ryuho ainda pensava em cada palavra que tinha dito ao pai. Seu rosto expressava explicitamente o sentimento de arrependimento. Ele não saberia explicar o porque estava sentindo aquilo, jamais quis ser um cavaleiro e lutar ao lado dos outros guerreiros, não tinha motivo para chorar... Ou tinha! Atena tocou seu coração mesmo ele recusando com toda as suas forças as oportunidades que o pai lhe dera para despertar o cosmo.
     O barulho da chuva que começava a cair pesadamente lá fora se fundiu ao som do lamento de Shunrei que chorava ainda mais. Parecia estar sentindo a mesma dor que Ryuho havia sentido, ou talvez até pior. Shunrei sentia-se mal toda vez que Shiryu partia, e toda vez que ele corria daquela maneira o sentimento de incerteza de que ele não voltaria surgia em seu coração como se fosse um veneno sem antídoto.
    Ryuho enxugou as lágrimas com as costas da mão. Correu pela sala e passou como um raio pela porta da casa. Os respingos da chuva caíram sobre sua cabeça, mas ele não se incomodou e continuou correndo. Ele pensou ter ouvido a voz de sua mãe chamando por seu nome, mas não podia voltar... Não queria voltar.
    Continuou correndo sem se importar com as dores que sentia nos membros e nos músculos, a pior e mais forte das dores ainda ardia em seu peito. Ryuho dobrou para a direita depois de correr por mais ou menos dois minutos por um caminho de terra. Entrou em uma abertura feita por suas rochas que se encontravam. Estava escuro e chovia muito, mas ele conhecia o caminho, tinha ido naquele lugar por mais vezes do que necessário com seu pai. Nesse instante, se lembrou que certa vez, Shiryu o fez caminhar até a cachoeira de olhos vendados. O pai dizia que se um dia ele perdesse a visão deveria saber como chegar ao único local aonde ele poderia meditar e recuperar suas forças.
    A gigantesca cachoeira surgiu na sua frente, as águas silenciosas e claras pareciam cair mais intensamente com a chuva. Ryuho cerrou os punhos e seguiu em direção a rocha na qual subia quando treinava com o pai. Sem pensar, ele investiu um ataque com os punhos fechados em direção a cachoeira. Como sempre, Ryuho foi lançado a metros de distância, chocando-se pesadamente contra as pedras. Levantou-se mais rápido do que de costume e investiu em outros golpes. Caiu novamente, mas se levantou e atacou com mais força as águas que escorriam pela cascata.
    - Eu vou conseguir! - Bradou para si, após ter caído pela vigésima vez.
    Ryuho cerrou os punhos, mas agora ficou parado de frente para cachoeira de Rozan, tentando se lembrar das palavras de seu pai sobre o conceito do cosmo e o que ele fazia.
    O cosmo é a principal fonte de energia dos cavaleiros... Utilizando este poder, é possível destruir os átomos, controlar sua velocidade e até mesmo transmutar materiais. O cosmo pode ser despertado por qualquer humano...  se o cosmo for elevado o suficiente, ele explodirá. A explosão do cosmo gera um pequeno Big Bang no interior do indivíduo, expandindo sua aura ao volume máximo e permitindo que ele acesse a essência do cosmo, o sétimo sentido!
    - A essência do cosmo... - repetiu Ryuho com convicção. - O sétimo sentido!
    Naquele momento uma densa massa verde azulado começou a envolver o corpo do filho de Shiryu. Os olhos dele brilhavam como fogo e seus braços pareciam mais leves e mais fortes.
    As roupas de Ryuho rasgaram e foram varridas pelo forte vento que se formou ao seu redor. Seu cosmo ficava ainda mais intenso a cada segundo que passava e aos poucos toda aquela dor que sentia desaparecia.
    Perdoe-me meus Lendários e os novos cavaleiros... E também, aqueles jovens que treinaram intensamente e lutaram para alcançar esse objetivo, mas que infelizmente não conseguiram despertar o cosmo...". A voz de Atena tornou a soar dentro do coração de Ryuho e o jovem sentiu-se ainda mais forte.
    - Perdoe-me pela demora, Atena! Eu vou despertar o meu poder, e vou ao seu encontro para lutar ao seu lado!
    Ryuho saltou em direção a cachoeira e desferiu um golpe nas águas com o punho cerrado. Não houve dor no momento do impacto, nem mesmo o seu corpo sofreu qualquer tipo de reação. Ryuho estava parado no ar, com o punho fixado por dentre a água da cachoeira que caia como estrelas brilhantes. Algo queimou dentro do peito de Ryuho, e ele sentiu-se ainda mais poderoso, e então desferiu um segundo golpe na rocha da montanha. Fez-se silêncio por alguns segundos, e então o filho de Shiryu ouviu um ruído de pedra sendo trincada, e depois outros ruídos semelhantes ecoaram... Até que um conjunto de barulhos da rocha se partindo se intensificou como uma melodia aos ouvidos dele.
    - Eu consegui... - Ryuho caiu pesadamente no chão, nu e sem se mexer.

     Ryuho viu quando as águas da cachoeira pararam de cair. Ele sorriu, mas não tinha forças para se manter de pé. Novos ruídos de pedras partindo ecoaram em seus ouvidos, mas não havia nada o que fazer...
    - Eu cheguei tão perto... - sussurrou para si.
    Naquele momento, tudo ficou escuro e Ryuho fechou os olhos esperando para ser consumido pelas tenebrosas águas da cachoeira de Rozan que logo voltariam ao seu sentido normal. Antes de perder o total controle de si, e ficar inconsciente, Ryuho sentiu um solavanco que suspendeu seu corpo. Estava fraco demais para identificar a origem daquilo que sentira, e mesmo que soubesse, não podia fazer nada quanto a isso. Ele esperou, e então desapareceu na escuridão que dominou seus olhos.
    Quando abriu os olhos, pensou que estava sonhando. Shiryu estava na sua frente, fitando-o com cuidado e com uma expressão de espanto, mas viu que nos olhos do pai havia uma certa dose de orgulho. Ele viu...
    - Pai...Você voltou.
    - Não faça esforço. Você ainda está fraco.
    Ryuho sorriu e estendeu a mão direita. Tinha três dedos quebrados e o pulso estava fraturado, além dos cortes, sangue e inchaços que adquirira após intensos golpes na rocha.
    - Você conseguiu. - disse Shiryu com orgulho.
    Ryuho sentiu a mão do pai acariciar o seu rosto, era um toque confortante.
    - A cachoeira já voltou ao normal? - quis saber.
    - Não. - Shiryu virou-se na direção da cascata e depois devolveu o olhar para o filho. - Ryuho, você não só reverteu o fluxo da água, como também fez com que ela ficasse estagnada por quase três minutos. Sem contar que você dividiu ela em duas, você... Ryuho, você destruiu parte da montanha de Rozan com apenas a força do seu cosmo!
    Ryuho sorriu e fechou os olhos, não tinha forças para se manter acordado.
    - Não durma agora!
    - Eu... Pai... Eu fiz o impossível
    Shiryu colocou as duas mãos sobre a face do filho e disse sorrindo:
    - Não durma, até ver a sua armadura de dragão que está ali à sua espera.
    Ryuho abriu novamente os olhos, e os direcionou para o local aonde seu pai tinha sinalizado. E lá estava ela, radiante como o sol e brilhante como diamante. A armadura que fora usada por Shiryu dezenas de vezes em prol da justiça. Ela é linda. Ryuho não tinha forças para levantar e vesti-la, mas sabia que logo poderia fazer isso, portanto deu um largo sorriso para o pai, e tornou a fechar os olhos.


Escrito por: Yuri Santos.
ADM - #Hyoga

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

 Os Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Titãs:    


Capítulo 4


Prenúncio



- Como ele está Shun? - Perguntou Shiryu assim que o lendário cavaleiro de Andrômeda adentrou o quarto.
    Shun sentou-se em uma pequena cadeira e respondeu:
    - Acredito que um pouco de descanso o fará ficar bem. - Sua voz soava melancólica. - Ele... Meu irmão, estava envenenado.
    Seiya, Hyoga e Shiryu arregalaram os olhos ao ouvirem o que Shun tinha dito.
    Desde que voltara de sua missão no Monte Everest, Ikki de Fênix não teve um momento de repouso. O lendário cavaleiro de Atena ainda usou parte do poder que lhe restará para poder esconder sua presença, com intuito de afastar as péssimas notícias que tinha de seus amigos momentaneamente. Obviamente, Ikki também pensou em poupar Saori, mas seria uma atitude errada se o fizesse. Atena precisava estar a par de tudo o que estava acontecendo no Monte, ou melhor no Jardim do Olimpo o quanto antes, para que ela pudesse pensar em como agir, e preparar seus cavaleiros.
    - Eu vi o quanto o Ikki estava cansado quando o encontrei no templo de Atena, - disse o Mestre do Santuário - mas jamais iria imaginar que ele pudesse estar envenenado... Não espere! - Shiryu franziu a testa - Lembro-me de ter ouvido o Ikki dizer para a Saori que havia sido atacado por uma serpente em sua missão, talvez ela tenha...
    Shun abaixou a cabeça e confirmou:
    - Sim, ela o envenenou... Mas o meu irmão é muito forte. Resistiu bem ao impacto do ferimento, acho que se ele não estivesse tão fraco poderia até mesmo resistir por mais tempo.
    - Pode ter certeza que sim! - Exclamou Seiya.
    Os Lendários cavaleiros de Atena haviam se reunido nos aposentos do Grande Mestre do Santuário a pedido do próprio Shiryu. Há mais de dez anos, os antigos irmãos de batalha não se reuniam para falar de assuntos que envolvessem a segurança de Atena e da terra.
    - Eu convoquei vocês aqui, pois preciso falar algumas coisas importantes. - Disse o Mestre. - Estejam preparados para ouvir.
    - Gostaria que o Ikki estivesse aqui... - Murmurou Shun de Andrômeda.
    - Nós também, Shun. - Confortou Seiya.
    Hyoga de Aquário aproximou-se da janela do quarto, e olhou na direção das Doze Casas, e depois para o templo de Atena, que se encontrava no pico da montanha, tão alto e reluzente quanto o próprio sol.
    - A presença de Ikki aqui seria crucial, - Disse Hyoga com os olhos fitados na paisagem do Santuário - mas antes de você chegarem, Shiryu me informou, que ele já sabe da maioria das coisas que serão faladas aqui. Por isso, vamos apenas pensar na recuperação dele... É meio precipitado dizer isso, mas acredito que logo precisaremos dele.
    Um breve silêncio se formou entre os quatro cavaleiros, mas logo ele se extinguiu, pois Shiryu não queria perder tempo, e então começou a falar... O Mestre do Santuário contou tudo que havia dito para Ikki e o que o cavaleiro de Fênix tinha escutado da boca da própria Atena.
    - Não pode ser! A Shina! - Bradou Seiya com o rosto espantado.
    - Então estamos preste a enfrentar um novo inimigo... e dessa vez um Titã? - Indagou Hyoga com seu tom de voz sereno e gélido.
    - É difícil de acreditar, Seiya, mas é verdade. A Shina é a reencarnação da filha de Atlas. - Afirmou Shiryu.
    Seiya de Sagitário cerrou os punhos furioso. Ele se recusava a acreditar que Shina, a poderosa amazona de prata que ele conhecia a anos seria inimiga de Atena.
    - Eu e ela já tivemos problemas no passado, mas ela também salvou minha vida diversas vezes. - Seiya estava furioso e inconformado.
    Shiryu cruzou os braços e anunciou:
    - Mas ainda há uma esperança de termos a Shina do nosso lado.
     - Como assim, Shiryu? - Perguntou Seiya
     - O Serpentário é um signo parecido com Gêmeos. Como todos sabemos, Saga e o seu irmão Kanon possuíam duas personalidades, sendo elas a boa e a má. A Shina, ou melhor Maia, também possuí duas faces assim como sua constelação. - Todos mantinham os olhos atentos ao que o Mestre do Santuário dizia - A amazona de prata que nós conhecemos nada mais é do que a Serpentário Dourada, em outras palavras ela é a Maia de face boa. Mas, infelizmente isso não nos dar a garantia de que a outra face do serpentário esteja totalmente adormecida na alma de Shina. - Shiryu virou-se para Seiya e continuou: - Estive pensando naquela época em que ela o perseguia sem parar...
     - É, naquela época eu não entendia muito bem. A Shina sempre queria me matar, apesar de eu não saber o motivo até que depois de um tempo ela me contou. - O cavaleiro de Sagitário sentou-se na cama ao lado de Shun e perguntou: - Mas o que isso tem a ver, Shiryu?
     - Acredito que a Serpentário Negra tentou se libertar naquela época. As características das duas faces são bem parecidas, mas a maneira explosiva de agir e o poder descomunal que se compara ao cavaleiros de ouro, só poderia pertencer a Serpentário Negra. E pode parecer loucura, mas no passado, Shina tinha poder suficiente para derrotar todos nós.
    Assim que o Mestre do Santuário se calou, todos os outros cavaleiros também ficaram em silêncio. Eles trocaram olhares, com os rostos pálidos e pensativos. Shun era o mais quieto de todos eles, estava preocupado com o irmão. Havia adquirido poder médicos e curativos nos últimos anos fora do campo de batalha, mas pela sua expressão o veneno no qual o irmão tinha sido infectado não era um simples problema.
    Hyoga de Aquário mantinha os olhos direcionados para a janela, não se sabia se ele estava realmente contemplando o caminho das Doze Casas que levava diretamente ao templo de Atena, ou se estava com o pensamento distante, lembrando de sua mãe e seu Mestre.
    Seiya de Sagitário era o mais impaciente de todos, batia o pé e não conseguia esconder sua preocupação para com Atena e Shina. Antes de ir ao encontro dos companheiros, Seiya passou no quarto aonde Saori dormia para observá-la. Quando chegou a notícia que Atena estava desacordada, o cavaleiro de ouro de Sagitário ficou louco e logo foi ao seu encontro. Seiya somente ficou calmo, quando Shiryu chegou para conversar com ele, e explicou que Atena estava bem, apenas dormia.
    Shiryu voltou a falar, quebrando novamente o silêncio.
    - Devemos nos preparar, cavaleiros. Preciso ficar fora por alguns dias, eu sei o quanto é complicado sair do Santuário numa situação dessas, mas já passou da hora de Ryuho despertar o seu verdadeiro cosmo. O poder do meu filho também será necessário na batalha que estar por vir.
    - Não se preocupe, Shiryu. - Disse Hyoga. - Reunirei todos os cavaleiros de ouro ainda hoje para fazer uma assembleia. Temos que reforças nossas defesas dentro e fora do Santuário. Além disso, mandarei Jacob e Robb virem para cá, a fim de fortalecer nosso grupo de cavaleiros.
    Shiryu sorriu e assentiu.
   - Kouga acabou de se tornar cavaleiro, mas sempre o preveni das batalhas dos cavaleiros de Atena. E também, fiz questão de dizer que a luta de uma cavaleiro nunca termina. Tenho certeza que meu aprendiz será um excelente aliado nessa guerra.
   - Irei reunir um grupo de cavaleiros para transmitir os ensinamentos médicos que adquiri durante esses anos, ao que parece essa batalha contra os Titãs será a mais difícil que já enfrentamos.
   Antes que o silêncio novamente tomasse conta dos aposentos do Grande Mestre, Seiya de Sagitário disse:
   - Shiryu, você nos disse que há uma maneira de fazer com que a Shina fique ao nosso lado... Diga-nos, por favor, como podemos fazer isso?
   O Mestre do Santuário direcionou os olhos para a janela na qual Hyoga não tirava os olhos.
   - Devemos contar para Shina, quem ela é o quão importante é o papel dela nessa batalha.
   - E no que isso vai influenciar? - Perguntou Shun.
   - Como eu disse, Maia tem duas personalidades a Dourada e a Negra, sendo assim para fazer com que não haja um conflito interno entre as duas face dela, nós devemos induzir Shina a alimentar somente uma delas. Em outras palavras, nós temos que lhe fazer acreditar que somente a face Dourada a manterá viva e salva. Em hipótese nenhuma a Negra tem que passar pela cabeça de Shina, ou deixá-la com duvidas...
    - O mal se alimenta da fraqueza das pessoas! - Exclamou Shun de Andrômeda, interrompendo o Mestre.
    - Exatamente. - Confirmou, Shiryu. - Shina desconhece qualquer tipo de assunto relacionado a armadura de Serpentário. Ela é uma leiga no assunto, assim como vocês eram até a algumas horas. Não quero deixá-los mais preocupado com o que vou falar, mas temos que agir rapidamente, antes que Atlas dê inicio ao seu plano.
    Seiya de Sagitário se pôs de pé e bradou:
    - Pode deixar comigo, Shiryu. Eu vou cuidar disso, vou conversar com a Shina sobre tudo que agora sabemos. Ela não vai passar para o outro lado, mesmo sendo a reencarnação da filha daquele maldito Atlas! Vá com a cabeça fria para Rozan, e volte assim que puder, e claro traga Ryuho com você! - Seiya cerrou os punho mais uma vezes e prosseguiu - Eu sei exatamente o que fazer para que a Shina não pense em seu lado Negro.

     A conversa entre os cavaleiros lendários se estendeu por mais algum tempo. O Mestre do Santuário fez questão de repetir determinados fatos que pudessem ter passado despercebido. Shiryu confiava demais em Seiya, mas temia em deixar uma missão tão complicada como aquela em suas mãos. Seiya era o cavaleiro mais poderoso de Atena, mas mesmo assim, era impulsivo e extremamente afobado. Os muitos anos lhe proporcionaram uma experiência grandiosa, mas mentalmente Seiya continuava o mesmo garoto de sempre. Pelo menos era nisso que Shiryu acreditava.
     - Vou até o quarto do meu irmão para ver como ele está. - Informou Shun. - Shiryu, espero que volte logo e com seu filho vestindo a armadura de Dragão.
     Shiryu sorriu e assentiu ao que o companheiro tinha dito. O Lendário cavaleiro de Andrômeda despediu-se do velhos amigos, e então seguiu para o encontro de Ikki.
     - Eu também irei. - Disse Hyoga. - Falarei com Kiki para chamar alguns cavaleiros de prata para nossa reunião. Eles devem estar a par de tudo o que está preste a acontecer também. - Hyoga deu um passo a frente. - Enquanto isso, chamarei Genbu de Libra e Fudou  de Virgem. Soube que os alunos desses dois acabaram de se tornarem cavaleiros de bronze, portanto antes da nossa reunião, pedirei para que eles os comuniquem e também os deixem preparados.
     Seiya e Shiryu assentiram, e assim Hyoga partiu dos aposentos do Mestre.
     - Escute, Seiya. - Disse o Mestre, assim que ficaram a sós. - Eu não queria falar na frente do Shun para não preocupá-lo. Mas, o veneno da serpente que atingiu Ikki é muito perigoso. Sei que Shun se transformou em um excelente médico, mas duvido que encontre um antídoto forte o suficiente para suprir os efeitos daquela toxina.
     - Mas há uma forma de ajudá-lo? - Perguntou Seiya com os olhos arregalados.
     - Sim, é claro que há. - Shiryu deu um leve sorriso e disse: - Vá até a amazona de ouro de Escorpião, ela saberá como proceder. Ísis conhece todos os tipos de venenos e antídotos.
     - Aquela mulher quase não fala com os cavaleiros, na verdade eu quase não a vejo por aqui.
     - Eu sei disso. - Disse o Mestre. - Mas vá até ela, e conte como Ikki foi ferido, somente isso será o suficiente, o resto deixe com ela.
     Seiya de Sagitário sorriu e assegurou ao amigo que falaria com a amazona de Escorpião.
     Assim que ficou sozinho, Shiryu caminhou até a janela e olhou na direção das Doze Casas e do templo de Atena...
      "A visão daqui é arrebatadora e muito confortante. É por pouco tempo, mas sentirei falta do Santuário. Espero que você esteja forte, Ryuho... Precisamos de você!"

 Escrito por: Yuri Santos


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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Titãs:    


Capítulo 3


Marcas



Após ouvir todos os detalhes da missão do lendário cavaleiro de Fênix, e compreender a quem pertencia aquele Cosmo esmagador que Ikki havia sentido, Atena decidiu de imediato que era preciso ir até o Monte Everest. Esse tipo de atitude por parte da deusa sempre foi comum, Atena nunca conseguiu se manter tranquila diante de fatos que pudessem tirar o seu sono e arriscar a vida dos humanos. Muitas vezes Saori concluía que lutar sozinha seria bem menos doloroso. Antes de mais nada, ela sempre pensava do bem estar de seus guerreiros, mas esse tipo de pensamento era errôneo. Mesmo sendo poderosa, a deusa jamais conseguiria enfrentar sozinha um inimigo que se levantasse e viesse auxiliado de um exército. Além disso, assim como Shun de Andrômeda, Saori sempre achou que havia outras formas de resolver algumas questões ou problemas, sem que os cavaleiros sofressem e lutassem até a morte.
    - Atena... - Disse Ikki ainda tentando recuperar toda sua força. - Não consigo entender, se o Olimpo que é o lar dos deuses se localiza no topo do Monte Everest, por que um Titã estaria fazendo lá?
    - Há um Titã no Olimpo, Ikki. - Atena  fez uma pausa, e se pôs de pé. Em seguida estendeu um dos braços, e logo após um brilho resplandecente, seu báculo surgiu em sua mão. No mesmo momento a deusa estendeu o outro braço e então fez com que seu poderoso Cosmo novamente envolvesse a sala.
    Sem entender, Ikki de Fênix indagou:
     - Porque está envolvendo todo o Templo com seu cosmo, Saori? Já me sinto melhor, não há precisa mais gastar suas energias com...
     - Preciso lhe contar algo. E dessa vez sou eu quem não quer ser interrompida, Ikki. - Disse a deusa. - Não precisa mais se preocupar em esconder sua presença. Nesse momento, ninguém no santuário é capaz de sentir qualquer tipo Cosmo que seja emanado aqui dentro. E como eu havia dito antes, todos vão sentir apenas cinco porcento de todo o meu poder, mesmo que eu esteja usando o triplo disso.
     O Cosmo da deusa havia tomado conta de todo o espaço. O Templo de Atena tinha se transformado em um grande salão dourado, com um brilho que resplandecia intensamente e obrigava o lendário a estreitar os olhos. Mas, em conjunto veio uma sensação de paz e tranquilidade que tomou conta do lugar de modo confortante.
 - Ouça com atenção, tudo o que vou lhe contar, Ikki. - Disse a deusa, mantendo a posição com os braços esticados. -  Antes de partir para sua missão, eu lhe disse que há muito tempo atrás havia no Santuário treze cavaleiros de ouro, de modo que o guerreiro que vestia a armadura de Serpentário era considerado um dos mais poderosos.
     Ikki movia de modo positivo sua cabeça, a cada palavras dita por Atena. Como se ela tivesse listando determinadas coisas para o Lendário.
     - Contei-lhe também, que esse cavaleiro havia ganhado um reconhecimento muito grande por parte dos outros cavaleiros de ouro. Até mesmo eu, cheguei a afirmar que em muitas de nossas batalhas o Serpentário foi crucial para a vitória. E para terminar, disse-lhe que essa armadura tinha sido roubada depois de uma batalha sangrenta e nunca mais foi vista.
     Aquela fisionomia de preocupação no rosto de Atena havia desaparecido, naquele momento seu rosto estampava um semblante de fúria e coragem, como uma verdadeira deusa.
      - Mas eu não lhe contei como essa armadura foi roubada e nem a quem pertenceu.
      Ikki franziu a testa, mas continuou em silêncio.
      - Tudo começou quando os Titãs resolveram mais uma vez tomar o trono que era ocupado por meu pai no Olimpo. A guerra durou muito anos, e o número de mortos foi catastrófico, mas felizmente, no final nós os deuses saímos vencedores. Zeus destruiu e enviou os Titãs para o Tártaro, para que eles sofressem e gritassem por perdão durante toda a eternidade. - Atena desviou o olhar e continuou - Mas, teve um Titã que recebeu um castigo diferente.
     O cavaleiro lendário de Fênix mantinha os olhos fixos na deusa, com a atenção totalmente concentrada em suas palavras.
      - Qual dos Titãs? - Perguntou Ikki.
      - Atlas. - Respondeu Atena em tom ríspido e ligeiro. -  Meu pai, o onipotente e onipresente, Zeus. Atendeu o meu pedido e então convocou uma assembleia no Olimpo com todos os deuses. O resultado do julgamento não foi uma surpresa, todos nós votamos a favor da condenação de Atlas. E a pena por seus crimes foi classificada por muitos, como pior que o Tártaro. - Atena voltou a olhar para Ikki e prosseguiu - Atlas foi condenado a sustentar o peso dos céus por toda a eternidade sobre seus ombros.
     - Mas, porque esse Titã teve um tratamento diferente? Por acaso ele era mais perigoso que o próprio Cronos? - Questionou o lendário.
     - Atlas era pai de um dos cavaleiros de ouro. - A voz de Atena pareceu falhar, mas ela continuou - Maia veio até mim para pedir clemência por seu pai. E como sua deusa protetora, não podia deixar de ajudá-la, mesmo sabendo quem era Atlas e o que ele tinha feito. Além disso, Maia era a Amazona de Serpentário.
     Ikki arregalou os olhos.
    - Lutar em uma guerra contra seu próprio pai foi uma das decisões mais difíceis que Maia teve que tomar em sua vida como Amazona de ouro.
    - Mas, como e por qual motivo, a filha de um Titã era uma Amazona!? - Indagou Ikki.
    Atena tornou a desviar o olhar, e por um momento todo aquele semblante de coragem e confiança desapareceu. Seu rosto tornara-se um espelho de angustia, arrependimento e dor. Somente o poderoso Cosmo dourado da deusa que envolvia todo o Templo, permaneceu em seu estágio inicial; radiante e intenso.
     - Cinco anos antes dessa guerra que abalou as estruturas do Olimpo. Maia, a filha de Atlas, veio até os deuses pedir refúgio. Ela estava desesperada e com as roupas completamente rasgada. Todos nós fomos capazes de concluir que a jovem tinha sido violentada. Ela e suas irmãs foram atacadas, e infelizmente somente Maia sobreviveu. Obviamente, meu pai e os outros deuses não queriam aceitar a filha de um Titã no Olimpo. Ela poderia ser uma traidora, ou até mesmo uma espiã enviada por Atlas. Mas, eu intervi e pedi para que fosse investigado tudo o que ela tinha dito, para sabermos se realmente tinha sinceridade em suas palavras. A confirmação não demorou para chegar, Maia estava dizendo a verdade e precisava de ajuda. Seu pai tinha sido covardemente atacado por um outro Titã e como consequência disso, foi preso dentro de uma dimensão, onde ficaria por milhões de anos.
     Ikki ainda mantinha a testa franzida. Sabia que aquilo não justificaria o fato de no Olimpo ter a filha de um Titã, e ainda mais ajudá-la.
     - Como deusa da justiça, eu intervi por Maia, e aquela foi a primeira vez que fiz isso por um meio-humano. - Disse a deusa. - Pedi a meu pai para ficar com Maia. Prometi que ela receberia todo o apoio e cuidado, além de ser doutrinada como uma guerreira de Atena. Fui questionada, mas sempre acreditei na mudança das pessoas, até mesmo dos Titãs. E ter a filha de um deles, do nosso lado poderia ser o primeiro e o mais importante passo, para fazer com que deuses e Titãs pudessem viver em harmonia depois de anos de guerra.
    - Então, ela foi para o Santuário junto da senhorita? - Perguntou Ikki.
    - Sim. - Confirmou a deusa. - Recebeu todos os cuidados por alguns dias e depois foi para o centro de treinamento. Lá, Maia mostrou que em suas veias corria o sangue de uma guerreira. Ela derrotou três Cavaleiros de Bronze com apenas duas semanas de treino. Com um mês ela despertou seu Cosmo, e foi capaz de confrontar até mesmo um Cavaleiro de Prata. - Atena deu um breve sorriso e concluiu. - Com menos de um ano, Maia havia despertado o sétimo sentido.
 Ikki de Fênix não conseguiu segurar o espanto. O cavaleiro arregalou os olhos, e por alguns minutos ficou feito uma estatua.
    - Depois de mais alguns anos, Maia estava completamente adaptada ao Santuário, tornando-se uma das guerreiras mais poderosas. Mas, Maia nunca esqueceu seu pai, e toda vez que se lembrava dele, vinha até mim para desabafar. Dizia que se tornaria uma Amazona de Ouro e iria até ele, para resgatá-lo e vingar a morte de todos as suas irmãs.
    - Deixa eu ver se entendi. - Refletiu Ikki. - Quando a filha de Atlas foi para o Santuário ele estava preso, mas depois teve a guerra, onde Atlas participou e lutou contra o Olimpo... E na mesma época, Maia vestia a armadura de ouro de Serpentário. Isso significa que ela libertou o Titã e logo depois ele invadiu o Santuário, não é verdade?
    Atena continuava com um semblante de extrema dor, mas uma dor que parecia arder por dentro.
    - Não, Ikki. - Respondeu ela, em tom suave. - Maia não resgatou Atlas. Na verdade, ele recebeu uma proposta. Se prometesse lutar junto dos outros Titãs e viesse contra os deuses, ele seria liberto de sua prisão e teria suas filhas ressuscitadas.  O Olimpo foi invadido exatamente no dia em que Maia foi consagrada como Amazona de ouro de Serpentário. Ela sabia que seu pai tinha sido enganado e pego por um dos Titãs, mas jamais pensou que ele se uniria a eles novamente.... Maia pensou em desistir da luta quando viu que seu pai estava do outro lado. Não suportaria defrontar o ser que ela tinha prometido salvar.
    - Mas então, qual foi a participação da Amazona nessa guerra? Além de pedir clemência por seu pai... um Titã, inimigo dos deuses.
    Atena deu um breve sorriso, Ikki pôde concluir que aquele era um sorriso de orgulho e satisfação.
   - Maia derrotou sozinha mais de três mil homens do exercito dos Titãs que atacavam o Santuário, em seguida foi comigo até o Olimpo e derrotou com suas próprias mãos um dos Titãs. Ela era poderosa, muito poderosa, Ikki.  - Atena desviou o olhar e se colocou em um silêncio sombrio.
     Ikki foi em direção a deusa e questionou preocupado:
    - Está tudo bem, Atena? 
     Ela assentiu e disse: 
   - E então depois da batalha, teve o julgamento. - Uma lágrima rolou dos olhos de Saori.
   - O que aconteceu, Atena? diga, por favor! Diga!
           - Antes de ser levado para o local que pagaria por seus crimes, Atlas pediu para falar com a filha. Novamente nenhum dos deuses concordou com isso, mas eu... Eu pedi meu pai, e ele me atendeu. - A voz da deusa falhava, e ela soluçava a cada palavra. - Deixei que pai e filha tivessem um último momento juntos, conversando... Infelizmente, nesse momento nós tivemos nossa surpresa. Atlas havia trago um colar, e disse que era um presente para Maia. A jovem Amazona aceitou com entusiamos, mas... Mas aquilo era uma armadilha. O colar era uma serpente que mordeu o pescoço de minha guerreira. Ela caiu no chão, e antes que o veneno tomasse conta de seu corpo, ouviu as palavras de maldição que seu próprio pai proferiu. Atlas amaldiçoou Maia e a armadura de Serpentário.
     Da mesma forma que Saori tinha feito quando Ikki contava os detalhes de sua missão, o lendário cavaleiro de fênix fechou os olhos para imaginar a cena. Viu Maia como uma linda guerreira e um rosto jovem que agonizava. Quanto a Atlas, viu o Titã como um gigante de pedra negro e deformado que cuspia e babava enquanto amaldiçoava sua filha.
    - Infelizmente cheguei tarde demais, Maia havia sido morta com um veneno que jamais vi. Eu fiquei furiosa e ataque o Titã com toda minha força. Mas, ele foi audacioso e me disse que o sofrimento não iria começar naquele momento. Atlas disse que como pai, sentia que Maia renasceria um dia na terra novamente como uma guerreira de Atena. Ele não saberia dizer quando... Podia durar centenas ou até milhões de anos. E quando esse momento chegasse, ele iria se libertar e tomaria de uma vez o Olimpo.
     - Ele estava blefando, como ele poderia lutar se estava aprisionado segurando o céu?
    - Sim, mas anos depois descobrimos que Atlas não tinha somente acabado com a vida de sua filha, ele tinha deixado uma marca na alma dela. Um sinal para que ele pudesse saber quando ela renascesse... Com medo que o seu plano se concretizasse, eu comecei a observar Atlas de perto, e também todas as meninas que nasciam na terra. Naquela época eu não entendia muito bem o que o Titã pretendia, minha preocupação era no fato de a armadura também ter sido amaldiçoada.
    - E o que os deuses disseram sobre isso? - Perguntou Ikki.

    - Eles chamaram a atenção de meu pai, dizendo que tinha sido irresponsabilidade minha manter a filha de um Titã no Santuário, e pior, ter dado a ela uma das armaduras mais poderosas.      Ikki fez um breve silêncio. Desviou o olhar e se manteve parado pensando em tudo que Atena tinha dito. Todas as palavras da deusa soaram um tanto quanto confusa, era difícil entender e ligar os corretamente os pontos dos fatos que ela contava. Mas o lendário pensava, e pensava com mais rigor e cuidado...    - Ikki. - Chamou Atena. - Sei que você deve estar cheio de questionamentos, mas deixe-me terminar. Depois da assembleia que os deuses organizaram contra as minhas atitudes. A armadura amaldiçoada foi lançada no buraco negro abaixo do Templo dos deuses. Após toda aquelas lutas, a armadura de Serpentário tinha perdido a utilidade, ela só traria problemas para o Olimpo e o Santuário...
    - Mas, Saori... Você disse que a armadura tinha sido roubada e agora...    - Sim. - Interrompeu a deusa. - Hermes roubou a armadura e fugiu do Olimpo. Meu pai  enviou um exercito atrás do deus, e anunciou que ele era um traidor. Todos temíamos que ele entregasse a armadura para o Titã... Mas, felizmente ele foi capturado e evitamos que Atlas tivesse contato com Serpentário. - Atena oscilou para o lado, e quase caiu. Por um momento, Ikki pôde ver que o intenso brilho tinha diminuído. Atena estava enfraquecida.    - Mas e a armadura? aonde estava? - Indagou Ikki.   - Hermes usou seu poder para esconder a presença da armadura. Ele não disse o por que de ter traidor o Olimpo, a única coisa que falou antes de ser destruído foi: Não me arrependendo de nada.    Atena cambaleou novamente, e dessa vez não conseguiu se manter de pé. A deusa caiu de joelhos sobre o chão do Templo. Ikki abraçou Saori, que estampava no rosto, uma fisionomia de extremo cansaço.
    - Atena, não faça mais esforço. Eu assumo que não entendi muito bem tudo que o ouvi, mas posso compreender o quão doloroso é para você, lembrar de tudo isso.     Ikki queria entender, ou melhor ele precisava entender o que Atlas tinha feito com a filha, e o por que de Hermes ter traído os deuses. O lendário Cavaleiro de Fênix precisava saber, mas ele não queria o sofrimento da deusa. Atena já tinha sofrido demais por um só dia... 
 - Você precisa descansar, não me importo de ouvir tudo o que tem a me contar em outro momento. - Disse Ikki.    - Não temos tempo... Eu preciso, eu tenho que contar, mas doí... Doí muito, Ikki...     Naquele momento o brilho dourado que envolvia o Templo de Atena desapareceu. Um silêncio brando tomou a sala, e a escuridão que agora pairava no ar, era quase tão fantasmagórica quanto a escuridão do Mundo dos Mortos.
     Ikki de Fênix soltou Atena, e se levantou. Estava fraco, mas podia lutar.
    - Quem está aí? - Bradou o lendário.
    Aquela sensação de ter ido do céu ao inferno desapareceu. Ikki pensou ter ouvido o sonho de uma cachoeira bem ali, e depois sentiu uma brisa que correu por todo o seu corpo.
   - A quanto tempo, meu amigo. - Disse uma voz serena.
   - Quem é você? 
   A resposta veio logo depois, Shiryu adentrou a sala trajando seu manto de Mestre do Santuário. Em suas mãos havia dois grandes pergaminhos escrito o nome de Atena em grego. O lendário Cavaleiro de Dragão caminhou até onde estavam Ikki e Saori.
    - Quando foi que chegou aqui? - Perguntou Ikki.
    - Há alguns minutos. Meus passos são como a água que deságua na cachoeira de Rozan, Ikki, calmos e silenciosos. - Shiryu apertou os pergaminhos que estavam em suas mãos. - Eu sou o Mestre do Santuário, e sei bem quando Atena precisa de ajuda. - Virou-se para o lendário cavaleiro de Fênix e disse: - O dever de um Mestre é estar a um passo dos deuses.
     Ikki observava Shiryu em silêncio.
    - O que você ouviu aqui, não passou de uma confissão fragmentada.     - Como assim?      Shiryu abaixou próximo de Atena e continuou:
    - Acalma-se vou lhe contar toda a verdade. Mas antes, precisa saber que Atlas já começou a agir. A marca que o Titã fez na filha, também está em Atena. - As palavras do Mestre do Santuário eram como agulhas que penetravam o peito de Ikki. - Foi por isso que Saori não conseguiu contar exatamente o que aconteceu para você, ou melhor, ela até contou algumas coisas, mas as ordens estão um tanto quanto confusas. 
    - Está dizendo, que Atlas teve parte nisso, mas como, Shiryu?    
    - O Titã que foi condenado a segurar o céu, é mais perigoso do que você pensa. Atena não envolveu seu Templo por se preocupar com o que os outros Cavaleiros iriam ouvir. Ela tentou fazer com que a marca perdesse um pouco do efeito, e com isso ela fosse capaz de te contar exatamente o que aconteceu.
     O lendário cavaleiro de Fênix arregalou novamente os olhos. Aos poucos estava começando a concluir o que Atena estava fazendo e falando.
     - Foi por isso que você não entendeu, Ikki. - Disse Shiryu. - Uma vez, Saori tentou me contar essa história. Naquela época ela já temia que Atlas pudesse estar agindo de alguma forma. Mas como não conseguiu, eu não tive respostas. - O Mestre do Santuário elevou seu Cosmo e envolveu o corpo de Saori. - Resolvi então ir em busca de informações e então, descobri duas coisas muito importantes. - O Cosmo do lendário de Dragão ficou mais intenso e envolveu ainda mais o corpo da deusa. - Uma delas, é que Hermes não traiu o Olimpo, ele foi usado pelo Titã. Não se sabe como Atlas fazia isso, mas acredito que seu principal poder é controlar a mente das pessoas. E isso inclui os deuses. A segunda questão que descobri, é que a filha de Atlas, ou melhor a reencarnação de Maia está aqui no Santuário.
    Ikki franziu a testa e indagou:
    - Onde? Ela vive como Amazona? De todas as coisas embaralhadas que Atena disse, eu ouvi que o Titã tinha dito que a filha iria renascer como uma guerreira de Atena.
     - Sim, é verdade.
     - Então é por isso que Atlas começou a agir! Finalmente sua filha renasceu.    O Mestre do Santuário balançou a cabeça de modo negativo, e retrucou:     - A filha de Atlas tem praticamente a mesma idade que nós. Isso significa que ele já poderia ter agido a muito tempo. Mas há uma questão muito importante que explica o fato de ele não ter feito nada durante todos esses anos.  

    - E  qual é? - Perguntou Ikki.
    - Atlas precisa da armadura de Serpentário. - Shiryu virou-se para Ikki. - Outra verdade que você ouviu, é o fato de Hermes ter escondido a armadura. Não sei como, mas Atlas desconhece o lugar exato de onde a armadura estar. É como se Hermes tivesse assumido o controle de sua mente naquele momento, impedindo que o Titã visse onde Serpentário estava.
    - Mas se fosse assim, ele teria contado aos deuses, não é?
    - Errado. Se minha hipótese estiver certa, Hermes usou suas últimas forças para esconder a armadura amaldiçoada para impedir que ele caísse nas mãos do Titãs. É claro que isso deve ter custado um grande preço. O que mais faz pensar: depois que conseguiu esconder a armadura, Hermes se entregou ao Titã.
     Ikki ficou em silêncio, e por um momento pensou no que Shiryu tinha falado. Tudo estava fazendo sentido naquele momento.
     - Então, quer dizer que indo ao Monte Everest eu dei uma certa abertura para que Atlas pudesse usar seu poder contra Atena, ou até mesmo contra mim...    - Não é bem assim. - Interrompeu Shiryu. - Atena nunca falou com os outros Cavaleiros sobre a armadura de Serpentário. Na verdade, a existência dessa armadura é desconhecida pela maioria dos guerreiros do Santuário.
     Ikki de Fênix iria se colocar em silêncio pensativo de novo, mas antes que pudesse fazer isso, ouviu Shiryu dizer:
      - Antes de te enviar para a missão, Atena chamou a reencarnação da filha de Atlas aqui no Templo, e então contou algumas coisas. Da mesma forma, tudo soou um tanto confuso, mas havia algo estranho nela. A Amazona nunca tinha ouvido a história, mas por ter o espirito de Maia dentro de si, demonstrou que de certa forma compreendia o que Atena queria dizer.
    - Mas como assim, Shiryu? Está tudo ficando...     
     Shiryu levantou a mão e disse: 
    - Confuso, eu sei. Mas, tenho algumas hipóteses importantes, Ikki. Uma delas gira em torno do fato de que a filha de Atlas é a chave para libertá-lo de seu castigo eterno.    
    Ikki assentiu e indagou:  
    - Conte-me tudo o que tem pensado durante todos esses anos, Shiryu. 
    - Contarei, mas antes precisamos reunir os outros Cavaleiros. - Disse o Mestre. - Pelo menos Seiya, Hyoga e Shun precisam ouvir que um novo inimigo está se aproximando... Ou melhor, é bem provável que ele já esteja perto.     
    Ikki de Fênix ajoelhou ao lado do corpo de Atena, passou a mão sobre a testa da deusa de modo suave. Saori estava desacordada, mas seu corpo estava quente. O Cavaleiro de Fênix pensou que talvez fosse por causa do Cosmo de Shiryu que envolvia seu corpo. 
    - Antes de reunir os outros Cavaleiros me diga, Shiryu. Quem é a filha de Atlas que está no Santuário?    
   O Mestre do Santuário olhou fixamente para o velho amigo de batalha, respirou fundo e disse com um tom de voz pesado e muito preocupado.  
    - É a Shina.

Escrito por: Yuri Santos
Apoio Técnico: Vitor Nik

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Capítulo 2

O Advento
 Dois dias se passaram desde a consagração de Kouga como cavaleiro de Pégaso. No Santuário tudo estava aparentemente tranquilo e calmo. Exceto pela aflição de Atena, que ainda estampava seu rosto como se fosse uma máscara sombria. A deusa da guerra e da sabedoria não dormira nas últimas quarenta e oito horas, ela tinha os olhos fundos e distantes. Seu templo estava tão silencioso quanto uma floresta escura em uma noite de inverno. A brisa que corria por entre as pilastras, faziam com que os pelos de seus braços se erriçassem dando calafrios.
    Atena suspirou quando ouviu o estrondo que ecoou quando a porta do Grande Salão foi aberta. Ela sabia que não podia ser uma ameaça, todos os seus cavaleiros estavam no Santuário e nenhum inimigo conseguiria chegar até seus aposentos. Os pensamentos de Saori estavam confusos, fazendo com que seu raciocínio ficasse fragmentado e prejudica. Isso foi crucial, para que Atena não conseguisse reconhecer o cosmo do cavaleiro que adentrou o salão.
    - Senhorita Atena... - Naquele momento a voz feminina que soou pela sala foi um tanto quanto confortante para a deusa.
    - Marin. - Disse Saori, com um sorriso.
    A mulher que outrora fora Mestre de Seiya e Amazona de prata, agora era uma dos doze protetores de Atena. Marin tinha sido agraciada com a gloriosa armadura de Peixes; cujo estava sem protetor desde que Afrodite se sacrificou junto com os outros cavaleiros de ouro no Muro das Lamentações. Os traços da vestimenta não sofrera modificação, já que ela não tinha sido danificada após a batalha dos Elísios. Porém, Atena fez questão de fortalecer o poder da armadura de Peixes, e também presenteou Marin com uma nova máscara, para que ela continuasse mantendo a tradição das Amazonas.
    - Perdoe-me, pela visita repentina... - Marin dizia enquanto caminhava para o centro do Templo. E quando chegou, se ajoelhou - Mas senti o cosmo da senhorita um tanto quanto estremecido. Tem algo que a preocupa, Atena?
     Saori deu novamente um sorriso para Marin, e respondeu:
    - Não, minha querida. É só o frio que me incomoda, e a essa noite sem estrelas e o luar também não apareceu para nos banhar com suas límpida e bela luz. Eu gosto do dia, mas acho muito belo uma noite bem iluminada. - Atena fez uma pausa, e olhou de soslaio para as cortinas que cobria a janela. Uma oscilava mais que as outras, e isso intrigou Saori. - Ou talvez, Marin - Retomou a fala - seja pelo fato de você ser a protetora da última das Doze Casa. Dizem que desde os tempos mitológicos, os cavaleiros de Peixes tem uma ligação forte com os sonhos e sentimentos de Atena. Acho que isso explica um pouco o fato de você ter vindo até aqui, não é mesmo?
     Marin de Peixes assentiu movendo a cabeça. 
    - Tem certeza que está tudo bem? - Insistiu a Amazona. 
    - Tenho. - Atena deu outra breve olhada para as cortinas, dessa vez de de maneira mais discreta. - Na verdade eu queria pedir um favor. - Voltou-se para Marin e disse: - Soube que o aprendiz de Seiya, Kouga. Venceu sua luta pela armadura de Pégaso, diga a Seiya que estou muito feliz por isso, e que em breve darei pessoalmente os parabéns ao novo Santo.
    Marin novamente assentiu, reverenciou a deusa e então saiu do Templo de Atena.
    Saori acompanhou a movimentação da Amazona, até que ela finalmente tivesse passado pela porta, e então disse com um tom de voz meio irônico:
    - A habilidade que você tem de esconder sua presença, é impressionante. Mesmo uma Amazona de ouro estando não perto, não foi capaz de sentir seu Cosmo. Porém, por mais que você reduza o brilho do seu poder à 1%, ainda sim eu irei sentir, e não será com uma força pequena, mas sim como se você estivesse no campo de batalha elevando seu Cosmo ao máximo, fazendo  as chamas esvoaçar por todos os lados.
   - A senhorita sabe que sempre tento ser discreto. - Disse uma voz grossa e cansada. - Assim que cheguei senti o cosmo do meu irmão, Seiya e os outros cavaleiros. Não queria chamar atenção.
   Saori Kido sorriu. Pousou a mão na lateral do trono em que estava assentada e disse:
    - Eu entendo você, Ikki.
    O Lendário Cavaleiro de Fênix saiu de trás das cortinas, e se postou perante a deusa. Ikki trajava sua gloriosa armadura de Bronze que emanava um brilho renovado, como se tivesse acabado de ser restaurada. Porém, no rosto o Cavaleiro expressava o cansaço. Os olhos de Ikki piscava muito enquanto ele olhava para Saori, e não precisava de mais nada, para que ela compreendesse que seu protetor estava chegando ao seu limite físico.
   - Você fez uma viagem muito maçante, e ainda está se esforçando para esconder sua presença, diminuindo seu a intensidade do seu Cosmo. Por favor, Ikki. Você precisa descansar.
    - É, preciso. Mas, antes quero falar somente com a senhorita, não quero o Santuário inteiro saiba das coisas que vivenciei e descobri. Não agora!
     Atena arregalou os olhos e indagou:
     - Então... Você...? 
      Ikki assentiu.
    - Não cheguei a vê-la, mas tenho certeza que aquele pressão de cosmo  fora do normal pertence a ela. Nunca tinha sentido na igual, nem mesmo quando enfrentamos Poseidon e Hades.
    Atena mordeu os lábios, expressando uma fisionomia preocupada.
    - Conte-me exatamente o que você viu, Ikki.
    O Cavaleiro de Fênix ainda usava suas últimas forças para tentar esconder sua presença. Como Saori mesmo disse, Ikki possuía um poder surpreendente, que seria mais do que suficiente para chamar a atenção de todos; inclusive de seu irmão Shun. 
    - Bom, eu fui até o Monte Everest, como a senhorita havia me pedido. - Começou o Lendário. - O tempo estava complicado por aquelas áreas e fazia muito frio. Portanto, tive que me refugiar em um vilarejo próximo da montanha. Os poucos moradores não puderam me dar informações, eles afirmavam que a única coisa que sabiam era que, todos que sobem o monte não voltam. Aquilo me intrigou, e ao mesmo tempo me deu mais forças para permanecer firme na minha missão.
      Atena fechou os olhos para tentar idealizar  ao máximo tudo o que Ikki estava detalhando. A primeira visão, foi um vilarejo pobre com o Monte Everest ao fundo. Além disso, viu uma densa massa de ar que cobria todo o espaço e dificultava a visibilidade no restante da vila.
     - Então, assim que o tempo melhorou, eu subi. - Continuou Ikki. - Escalei por alguns minutos sob uma forte ventania que insistia em me levar para baixo. As rochas ingrimes me fizeram escorregar por diversas vezes, mas ainda assim me mantive firme. Após algum tempo, me deparei com um grande buraco na montanha. Nas condições em que eu me encontrava, não tive tempo para pensar, portanto pulei no buraco imediatamente. - Ikki fez uma pausa para respirar. Tornava-se cada vez mais difícil manter oculto o seu Cosmo. - Eu... Eu, rolei pela descida de pedra, até me chocar pesadamente contra uma rocha. Como eu já esperava... O interior do Monte estava escuro. E sem pensar novamente, usei meu poder para iluminar a caverna. Para minha surpresa eu vi algo... Eu vi pilastras, armaduras quebradas e tudo que um dia podia ter feito parte de um antigo templo.
      Saori Kido permanecia com os olhos fechados, e imaginava cada fragmento da palavras do Cavaleiro de Fênix. Ela não demonstrava surpresa, era como se soubesse que Ikki iria se deparar com aquela entrada como se ela mesmo tivesse feito para que servisse de refúgio para o Lendário.
    - Eu olhei atentamente para todos os lados, mas só encontrava mais e mais pedaços de pilastras. Resolvi caminhar pela caverna e encontrei uma escadaria que também estava despedaçada, mas isso não foi o suficiente para me impedir de subir. Ao fim dela eu me deparei com uma outra saída, o clarão do dia fez meus olhos estremecerem e então percebi que estava novamente do lado de fora do Monte Everest.
    Atena abriu brevemente os olhos, e logo depois os direcionou para Ikki.
    - Você só viu pilastras em ruínas dentro da caverna, ou teve mais alguma coisa que se lembra de ter visto?
    - Não, apesar de ter iluminado parcialmente a caverna, ainda continuava muito escuro o interior dela.
    Saori Kido assentiu, e então voltou a fechar os olhos, para imaginar com perfeição tudo que o Cavaleiro tinha a dizer.
     - Continuei subindo. Os ventos que corriam no Monte estavam mais fortes, e as pedras começavam a ficar mais frias e escorregadias também. Em determinado momento, me senti cansado e fraco. Achei que iria cair, eu sentia que algo me pressionava para baixo. Mas como disse antes, me mantive forte na minha missão...
     A voz de Ikki sumiu por um tempo, estava chegando ao seu limite, e não conseguia mais manter seu cosmo oculto. O pior não seria isso, com toda certeza ele iria desmaiar depois disso e Atena teria que esperar até que o cavaleiro tivesse condições de contar o que encontrou. Mas e se fosse um inimigo? Ou algum outro tipo de ameaça. Não saberia calcular por quanto tempo Ikki iria ficar inconsciente, devia mantê-lo acordado. E foi aí então, que a deusa da guerra saltou de seu trono, e se pôs ajoelhada ao lado de Ikki.
     - A partir de agora eu serei sua força, assim você pode manter seu Cosmo oculto. - Disse Saori sorrindo, ao abraçar bem forte o Cavaleiro de Fênix.
     Atena fez com que a armadura Lendária saísse do corpo de Ikki, nas condições em que se encontrava obviamente a vestimenta seria um peso morto, no qual o prejudicaria ainda mais.
     - Saori... - Disse Ikki, com a voz fraca.
     - Fique calmo, Ikki. Ninguém sentirá sua presença...
     - Mas, seu... seu Cosmo... - Interrompeu o cavaleiro, ainda em recuperação. 
     Saori sorriu e respondeu, apertando ainda mais o corpo do Cavaleiro de Fênix contra o seu.
     - Não acha que você é o único que consegue, não é? Vou usar apenas 5% do meu Cosmo, e isso não vai ser nada incomum para os outros Cavaleiros que estão no Santuário. Pois todos os dias quando rezo, uso esse nível de força, com um intuito de levar tranquilidade para o coração dos meus valentes guerreiros.
      O Cosmo de Atena emanou, até que se expandiu por todo o Templo. O brilho dourado e ofuscante, dava uma sensação de tranquilidade e conforto fora do normal. Ikki não teve duvidas, aquele cosmo só podia ser de uma deusa.
      Ikki aos poucos conseguia abrir os olhos. O cavaleiro de Fênix sentiu o Cosmo de Atena adentrar seu coração como chama - Uma chama que não queima. - Além disso, a luz proporcionou no local um brilho reluzente tão forte e belo quanto o sol.
     - Atena... - Começou o Lendário. - Eu consegui chegar no topo... Não, eu nem sei se aquele era o topo do Monte Everest. Mas eu cheguei a um lugar onde os ventos eram ainda mais frios e fortes. Era um planície longa, de modo que não pude ver com clareza  até aonde iria. Mas o que me surpreendeu, foi o jardim. Como pode haver um jardim naquele lugar tão alto.
     O Cosmo revitalizante de Atena, fez com que Ikki pudesse falar sem dificuldade, e ainda assim, mantinha a presença do cavaleiro de Fênix oculta para o restante dos guerreiros.
     - Eu caminhei pelo gramado, mas parei segundos depois. Um cosmo esmagador me obrigou a ajoelhar e depois me prendeu deitado no chão. Não conseguia levantar de jeito nenhum, parecia que estava no fundo do mar, com uma pressão imensa sobre o corpo...
     Atena permanecia abraçando forte o Cavaleiro, seu olhos estavam fechados como antes e ela conseguia imaginar exatamente como tinha sido a missão de Ikki no Monte Everest.

   - Eu elevei meu cosmo ao máximo, até despertar o Sétimo sentido e por de pé. Não podia cair agora, não naquele momento, eu precisava descobrir de quem era aquele Cosmo... 
     Ikki de Fênix fez uma pausa, e de repente uma fisionomia de espanto tomou conta de seu rosto.
     - Saori... quando finalmente me pus de pé. Aquela pressão que me insistia em me derrubar diminuiu. Mas aí, uma massa dourada muito estranha surgiu bem na minha frente. Ela oscilou e não demorou até mostrar sua forma. - Ikki apertou o braço de Atena, e continuou: - Eu sei que naquela altura, poderia estar louco, ou tudo ser ilusão. O jardim, a montanha... tudo! Mas, juro. Eu vi uma serpente dourada gigantesca...
    Todo aquele cosmo confortante que havia tomado conta dos quatro cantos do templo de Atena desapareceu subitamente, quando a deusa ouviu o que Ikki tinha dito. O espanto foi inevitável, e logo ficou explícito em seu rosto. O Lendário percebeu que o poder de Atena que tinha o envolvido durante algum tempo, não ocultava mais sua presença. O Cavaleiro permaneceu abraçado com Atena, mas se mexeu para poder endireitar o corpo.
     - Saori... Está tudo bem?
     - Por favor, Ikki... Continue. - Disse Atena com uma voz tristonha.
     O Cavaleiro não tinha opção, precisava continuar contando para a deusa o que devia. Por mais que aquilo a fizesse sofrer, ela precisava ouvir...
      - A... A serpente emanou um cosmo esmagador e muito poderoso... Estava imponente e não pude fazer nada. - Ikki desviou o olhar. - Atena, aquele cosmo não pertence a um humano ou muito menos a um deus... Eu nunca vi nada igual. Aquele poder, ele...
      - Pertence a um Titã! - Interrompeu Saori.
      Ikki arregalou os olhos.
      - Como eu suspeitava, aquele ser ainda mantem o controle sobre aquela armadura que pertence aos cavaleiros de ouro. - Saori virou-se para o cavaleiro de Fênix. - Ikki o jardim que você viu não era uma ilusão. Você esteve nos Campos Floridos do Olimpo... Mais conhecido como o Alar dos deuses. Eu estou surpresa por você ter conseguido chegar tão longe...
      - Está me dizendo, que os Titãs ainda residem no Olimpo? Mas aquele não é lar dos deuses? - Indagou Ikki.
      - Sim, mas há um Titã que foi condenado por meu pai, Zeus. Ele vive lá aprisionado segurando sua maldição até que os fim dos tempos chegue. - Atena afastou-se um pouco de Ikki e perguntou: - O que aconteceu depois?
O cavaleiro de Fênix se recompôs e respondeu:
      - Ela veio na minha direção, e quando acordei estava no pé do Monte, com os ventos correndo sobre meu corpo.
      Saori assentiu com uma expressão de tristeza.
   - Temos que nos preparar, Ikki. 
      - Estou sempre preparado, Atena!
      - Eu sei, mas dessa vez eu irei na frente da batalha.
      Ikki arregalou os olhos incrédulo.
      - A senhorita está dizendo que.... 
      - Eu irei pessoalmente, até o Monte Everest e trarei de volta a armadura de Serpentário. 

Escrito por: Yuri Santos
Apoio Técnico: Vitor Nik

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