Os Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Titãs:
Capítulo 6
Ascensão
Atena e Shina partiram para o Monte Everest deixando os outros cavaleiros para trás. Todos sabiam que aquela era uma atitude errada por parte da deusa, pois era isso que o inimigo queria. Com a deus Atena desprotegida, ou melhor; com apenas uma amazona para defende-la, as chances de confrontar o Titã Atlas e vencer seriam quase remotas.
Nem mesmo Shiryu, o Mestre do Santuário, foi capaz de se manter calmo ao saber que Atena tinha tomado aquela decisão tão precipitada. O Lendário guerreiro de Dragão, também se preocupava com o amigo Seiya. Não era segredo para nenhum deles, que o cavaleiro de ouro de Sagitário, perdia totalmente a calma quando Atena estava em perigo. De todos os antigos cavaleiros de Bronze, Shiryu foi o que mais presenciou esses tantos momentos em que Seiya agia sem pensar.
Agora, Shiryu era Mestre do Santuário, seu dever além de proteger Atena e Seiya, era aconselhar os outros cavaleiros, para impedir que fossem feridos desnecessariamente, ao tomarem atitudes precipitadas.
Shun de Andromeda quase saiu em disparada do quarto, quando ouviu o recado de Atena. Por um breve momento, esqueceu-se de seu irmão que ainda estava desacordado. Shun nunca foi a favor de brigas e guerras, mas sempre que Atena era posta em perigo, o lendário abandonava totalmente a sua face serena e transformava-se numa verdadeira fera. Porém, Shun sabia que naquele momento, Ikki precisa dele. De seus cuidados médicos adquiridos no Brasil.
Sabendo da reação de seus fiéis cavaleiros após o aviso, a deusa se precaveu, colocando uma barreira envolta do Santuário, de modo que impossibilitasse a entrada e a saída de qualquer um dos cavaleiros. Shina não concordava com aquilo. Era uma amazona de Prata, e sabia bem o que cada cavaleiro estaca sentindo naquele instante. Sua vontade foi pedir para que Atena desfizesse a barreira de Cosmo, mas não podia. Não porque possivelmente seria vista como uma mulher grosseira ou desrespeitosa. Shina tinha consciência que não seria atendida, mesmo que implorasse. Atena tinha medo e se preocupava com seus cavaleiros mais que tudo.
Atena também sofreu quando decidiu que levaria Shina para o Monte Everest. A difícil decisão fez com que a deusa repensasse, refletisse e até mudasse de opinião por diversas vezes. Por ela, seria mais prudente ir ao Jardim do Olimpo sem precisar levar qualquer um dos cavaleiros. Para enfrentar o Titã Atlas sozinha. Porém, a presença de Shina nessa missão era mais do que necessária. A amazona trazia na alma, o espírito de Maia; a filha de Atlas e antiga amazona de ouro de Serpentário.
- Seja lá o que ouvir de Atlas, não acredite. - Disse Atena, aconselhando Shina. - Ele tentará enganá-la, até que você se volte contra mim. Shina, por favor, não ceda. Atlas é perigoso, e fará de tudo...
- Ele não vai me convencer de nada, Atena. - Respondeu Shina com convicção na voz. - Sou a amazona de Prata que protege a deusa da terra. Eu luto somente por essa deusa.
Atena sorriu, mas logo seu sorriso desapareceu e em seu rosto deu lugar a preocupação e o medo.
- Você é a reencarnação de Maia, Shina, não se esqueça disso, pois Atlas não esquecerá.
- Assim como Maia, lutarei ao seu lado para derrotar Atlas, Atena.
A deusa pôs a mão sobre o ombro da amazona e disse com suavidade:
- Não quero que lute como Maia. Lute como Shina... A Shina amazona de Prata de Cobra.
A amazona assentiu, e não tornou a falar.
As duas subiram o Monte Everest sem dificuldade. Assim que chegaram ao pé da montanha, a deusa do Santuário usou seu Cosmo para envolver seu corpo e o de Shina. Uma esfera dourada formou-se ao redor delas, e os ergueu até o topo.
- Atena, porque a senhorita não trouxe sua armadura?
- Não há necessidade, Shina. Nós não vamos demorar aqui. Iremos resolver nosso assunto e voltar em segurança para o Santuário.
Atena sorria enquanto respondia, mas Shina percebeu que por dentro a deusa estava insegura. O sorriso era uma forma de maquiar o verdadeiro sentimento de preocupação e medo que Atena sentia naquele momento.
O Jardim do Olimpo era um campo extenso que parecia não ter fim. Ao chegar no topo, Atena lembrou-se que Ikki de Fênix, havia pisado ali, trajando somente sua armadura de Bronze. Antes dele, nenhum humano tinha adentrado um dos jardins do lar dos deuses.
- A partir desse momento, não sai do meu lado por nada, Shina. - Disse Atena, pegando a amazona pela mão. - Não solte minha mão.
- Não soltarei, Atena.
As duas caminharam por entre as pilastras e templos vazios do Jardim. Para Shina, era como estar dentro de uma parte nova do Santuário, um lugar lindo e muito agradável que todos os cavaleiros deveriam conhecer. Já para a deusa Atena, aquele não era nenhum lugar para repousar, ou desfrutar daquela brisa refrescante que corria no ar. Ali era um dos 12 Jardins do Olimpo, um local perigoso até mesmo para ela que era filha de Zeus... Um local onde dezenas de batalha foram travadas, inclusive com Atlas.
- Ali está. - Atena esticou o braço e direcionou seu dedo para um grande portão vermelho e dourada erguido sem o apoio de paredes ou pilastras.
- Atlas está atrás daquela porta? - Indagou Shina surpresa.
Atena assentiu, e enrubesceu o cenho. Fazia milhares de anos desde a última vez que estivera tão perto do Olimpo. Com certeza, a deusa não espera regressar em um momento tão difícil como aquele. Olhar para o Portão da Punição a fez tremer e lembrar da violenta batalha contra Atlas naquele Jardim. Naquele dia o sangue de muitos deuses e cavaleiros jorrou. Atena viu o sofrimento de Maia e também sua morte, além do fim da era dos treze cavaleiros de ouro.
- Aquele portão foi feio pelo meu pai, Zeus. - Atena havia mudado o tom de voz, naquele momento falava como uma verdadeira deusa. - Apesar da aparência, atrás dele, encontra-se a dimensão para onde Atlas foi jogado após a nossa luta. No centro do portão há um selo escrito o nome de meu pai e o meu. Somente um poder comparado ao dos dois deuses pode retirar aquele selo.
- E o que a senhorita pretende fazer? - Perguntou Shina.
- Vou destruir o Portão da Punição.
Shina estava de máscara, mas pelo tom de sua voz ficou claro que ela deve ter arregalado os olhos ao ouvir aquilo.
- Mas, a senhorita disse que para tirar o selo é necessário o poder de dois deuses, sendo um deles Zeus, para destruir aquele portão nós precisaremos de muito...
Minha filha, que bom que está aqui.
Shina parou de falar subitamente, ao ouvir uma voz grave que ecoou em sua mente.
Eu esperei por você durante milhares de anos... Fico feliz por está aqui.
- Shina! - Bradou Atena ao ver que a amazona havia parado de falar repentinamente. Shina tinha os olhos fixamente direcionados para o portão. - Shina! Shina!
Venha minha querida... Estou lhe esperando... Sim, o seu pai está aqui.
Shina de Cobra deu uma passo para frente, mas teve o corpo puxado para trás, com um solavanco de Atena.
- Shina! Acorde!
A amazona desanuviou a cabeça, balançando-a de uma lado para o outro.
- Atena, a senhorita não ouviu?
A deusa arregalou os olhos espantada.
- Ele falou com você... - Atena apertou o punho de Shina. - Sim, ele falou!
Não dê ouvidos para ela... Venha! - Não! ela não vai Atlas!
Naquele momento, Atena usou seu Cosmo, e penetrou dentro da mente de Shina, que estava sendo perturbada pelo Titã.
- Essa mulher se chama Shina! Ela é minha fiel amazona! Não tente enganá-la, como fez com sua filha Maia!
Atlas deu uma longa gargalhada. Sua voz era uma mistura de terror e bravura. Era semelhante a uma tempestade de trovões que ecoam rigorosamente no céu.
Não seja ridícula! A Atena dessa Era não passa de uma mulher frágil! - Não cairei nas suas provocações, Atlas! Dessa vez, irei derrotá-lo com minha próprias mãos! Você será enviado diretamente para o tártaro, e lá viverá por toda eternidade ao lado de seus irmãos!
O Titã deu outra gargalhada trovejante.
E quem foi que lhe deu permissão para perturbar o meu castigo, Atena? Foi o seu pai, Zeus? Oh, é claro que não! Zeus jamais permitira que uma mulher tão fraca e imprudente como você ficasse responsável de tal missão. Me derrotar? Não me faça rir. Atena intensificou seu Cosmo, para que fosse possível se manter firme dentro da consciência de Shina. A deusa esperava que a amazona estivesse ouvindo tudo aquilo. Ela precisa ouvir. Não poderia ceder ao poder de Atlas por nada.
- Depois que enviá-lo para o tártaro, irei pessoalmente comunicar ao meu pai!
E quem disse que ele irá recebê-la? Os pecados que você e seus cavaleiros cometeram durante as últimas décadas ecoam pelo Olimpo como uma afronta aos deuses. Sabia que eles até pensaram em me libertar para dar um fim nisso? - É mentira! O deuses jamais se uniriam a você.
É mesmo? No passado, eu ouvi que um deus não podia se unir ao humanos para confrontar outro deus. E o que você fez? derrotou Poseidon e Hades sozinha? Não... Os humanos o fizeram! Uma nuvem de Cosmo explodiu e Atena foi lançada para fora da mente de Shina. Mesmo estando preso Atlas tinha mais forças do que ela poderia imaginar. Por isso, a deusa da terra ergueu seu báculo mais uma vez e concentrou seus Cosmo com mais intensidade.
- Atlas! Eu jamais permitirei que você toque na Shina! Enquanto ela estiver ao meu lado, seu plano não irá dar certo...
Deveria abrir direito os seus olhos, Atena. A deusa virou-se para o lado e arregalou os olhos. Aquela que segurava não era Shina, e sim um boneco de terra que começou a se desfazer rapidamente. Atena tornou a olhar na direção do portão, e viu o corpo da amazona de Prata de Cobra flutuando em direção a ele. Shina estava sobre o controle total do Titã, e não tinha nada que pudesse fazer para sair dele.
Seu erro foi trazê-la para cá, Atena. Como uma deusa, você deveria ter sido mais prudente! - Atlas! - Bradou Atena erguendo seu báculo. - Não vou permitir que você use minha guerreira. Tome! LUZ DIVINA!
Um brilho dourado emergiu do topo do báculo sagrado de Atena, e seguiu em alta velocidade em direção ao corpo de Shina. Em resposta, Atlas fez surgir um brilho negro envolta de Shina. Os dois Cosmos gigantescos se chocaram, um estrondo ecoou por todo o Jardim do Olimpo. Flores foram arrancadas com violência da grama, pilastras foram destruídas e Shina ainda continuava sobre o poder de Atlas.
- Não pode ser... - Atena usou boa parte de seu poder naquele ataque, esperava que pelo menos fosse suficiente para tirar Shina do poder do Titã.
Atlas deu outra longa gargalhada.
Quanta ingenuidade, Atena. Acha mesmo que vai me derrotar com um poder desses? Mas se quiser continuar tentando, vamos lá. Não me importo se você matar a sua guerreira, o corpo dela terá outra utilidade para mim! - Desgraçado! - Uma lágrima rolou dos olhos de Atena. - Shina! Shina!
Não adianta! Ele não pode te ouvir! Atena abaixou o báculo, e correu em direção ao corpo da amazona. Atlas percebeu a investida de imediato, e então usou mais uma vez seu poder para criar ervas daninhas gigantescas que prenderam Atena, impedindo que se movimentasse.
- Solte-me!
Claro que não! Sua deusa estúpida e fraca! Pagará caro pela sua imprudência. Atena tentou mais uma vez erguer o báculo, mas foi impedida. Uma das ervas daninhas, apanhou sua arma dourada e a lançou para longe. Atena estava presa e sem meios para se libertar.
Atena! observe a ascensão do novo rei do mundo... Atlas envolveu o corpo de Shina com seu Cosmo negro. A pressão do poder do Titã fez Atena cair de joelhos sobre a grama. Shina teve a máscara de amazona quebrada rachada e quebrada. Seus corpo ficou marcado por dezenas de cortes, de onde o sangue jorrou sem parar.
- Shina!!!
O corpo da amazona foi levado para perto do portão. Inerte, Shina foi controlada pelo poder do Titã que parecia ficar ainda mais poderoso a medida que ela se aproximava. O braço da guerreira foi levado até o selo feito por Zeus e Atena.
Você disse para a sua menina, que era necessário o poder de dois deuses para desfazer o selo... Mas, se o poder de um Titã estiver em questão, não precisamos de mais nada! - Isso é impossível! Você está preso, não pode retirar o selo.
Se isso fosse problema, não teria confrontado você e nem te aprisionado com essas plantas. Além disso, acha mesmo que se esse portão me impedisse de algo, eu estaria usando o corpo de Maia para retirar o selo? - O nome dela é Shina... Shina de Cobra. A Maia é somente uma lembrança que ela carrega dentro de sua alma!
Então eu vou te provar, que Maia ainda existe fortemente dentro do corpo dessa moça...
Atlas usou novamente o seu Cosmo negro, e ergueu o corpo inerte de Shina. Um brilho vermelho surgiu e com ele a imagem de uma moça parecida com Shina se formou.
Essa é a Alma de Maia... - O que você vai fazer com ela?
Atlas não deu a resposta com palavras. O Titã destruiu a alma de sua filha, que Shina carregava em seu espírito desde que nasceu. Fragmentos que mais pareciam cristais emergiram no local onde a alma da antiga amazona de ouro de Serpentário estava.
- O que você fez? - Perguntou Atena com os olhos arregalados.
Maia não existe mais. Agora você está certa. Atena fechou os olhos e concentrou todo o seu Cosmo envolta de seu corpo. Uma ventania tomou conta do Jardim do Olimpo, o céu que antes era azul, assumiu um tom cinza e pesado.
- Eu sou filha de Zeus... Deusa da terra, da sabedoria e da guerra! Jamais irei perder para você, Atlas maldito!
O Cosmo de Atena explodiu e se expandiu por todo o campo. As ervas daninhas foram destruídas. Agora, a deusa estava livre.
É tarde demais, Atena. O corpo de Shina foi lançado contra o portão. Uma explosão ecoou pelo jardim, e o selo de Zeus caiu sobre a grama completamente rasgado. Um silêncio tomou conta do espaço, e Atena que preparava-se para sair em disparada, ergueu-se e esperou. O céu que estava cinza assumiu um tom sinistro vermelho como fogo. O Jardim do Olimpo tremia, fazendo com que as pilastras fossem ao chão ruidosamente. Aquilo que os humanos chamavam de Monte Everest foi tomado por um colapso... E lá estava ele, de pé, com o corpo acorrentado. As pernas arqueadas, com o peso do mundo sobre as costas. Com as chamas do céu ardendo sobre sua cabeça. Atlas, o terrível Titã que Atena confrontara no passado estava parcialmente livre.
As risadas do Titã pareciam ainda mais intensas naquele momento.
- Deve estar se perguntando por que destruí a alma de Maia, não é? Sim, eu sei que está. Maia, passou a ser a fonte do meu poder quando fui preso pelo seu pai, Zeus. Eu sabia que no momento que fosse lançado dentro daquela maldita dimensão, seria impossível sair de lá. Precisava ter algo para usar, mas do lado de fora. Esperei por milhares de anos, mas para um Titã, até que não demorou muito. Atena, sua linda guerreira nasceu com a fonte do meu poder, e seu único propósito era esse. Foi para isso que ela viveu durante todo esses anos...
- O que fará com o corpo de Shina?
Atlas sorriu.
- Está vendo alguma corpo aqui? Atena arregalou os olhos, e chorou.
- O que você fez... Altas!!!
O Titã ergueu uma das pernas e lançou a corrente que prendia parte seu corpo em direção a Atena. O corpo da deusa foi envolvido pela corrente, e a cobriu dos pés até o pescoço. Atena tentou se mover, mas não havia poder suficiente para isso. Aquelas eram correntes feitas por seu pai, para aprisionar um Titã. Para um deus, aquele aço tinha um poder três vez maior.
- Enquanto saio para limpar esse mundo, você irá segurar o céu para mim, Atena.
Atlas puxou a perna, e no mesmo momento a corrente trouxe a deusa para perto do Titã.
- Sinta o verdadeiro peso do mundo em suas costa, Atena...
Nem mesmo Shiryu, o Mestre do Santuário, foi capaz de se manter calmo ao saber que Atena tinha tomado aquela decisão tão precipitada. O Lendário guerreiro de Dragão, também se preocupava com o amigo Seiya. Não era segredo para nenhum deles, que o cavaleiro de ouro de Sagitário, perdia totalmente a calma quando Atena estava em perigo. De todos os antigos cavaleiros de Bronze, Shiryu foi o que mais presenciou esses tantos momentos em que Seiya agia sem pensar.
Agora, Shiryu era Mestre do Santuário, seu dever além de proteger Atena e Seiya, era aconselhar os outros cavaleiros, para impedir que fossem feridos desnecessariamente, ao tomarem atitudes precipitadas.
Shun de Andromeda quase saiu em disparada do quarto, quando ouviu o recado de Atena. Por um breve momento, esqueceu-se de seu irmão que ainda estava desacordado. Shun nunca foi a favor de brigas e guerras, mas sempre que Atena era posta em perigo, o lendário abandonava totalmente a sua face serena e transformava-se numa verdadeira fera. Porém, Shun sabia que naquele momento, Ikki precisa dele. De seus cuidados médicos adquiridos no Brasil.
Sabendo da reação de seus fiéis cavaleiros após o aviso, a deusa se precaveu, colocando uma barreira envolta do Santuário, de modo que impossibilitasse a entrada e a saída de qualquer um dos cavaleiros. Shina não concordava com aquilo. Era uma amazona de Prata, e sabia bem o que cada cavaleiro estaca sentindo naquele instante. Sua vontade foi pedir para que Atena desfizesse a barreira de Cosmo, mas não podia. Não porque possivelmente seria vista como uma mulher grosseira ou desrespeitosa. Shina tinha consciência que não seria atendida, mesmo que implorasse. Atena tinha medo e se preocupava com seus cavaleiros mais que tudo.
Atena também sofreu quando decidiu que levaria Shina para o Monte Everest. A difícil decisão fez com que a deusa repensasse, refletisse e até mudasse de opinião por diversas vezes. Por ela, seria mais prudente ir ao Jardim do Olimpo sem precisar levar qualquer um dos cavaleiros. Para enfrentar o Titã Atlas sozinha. Porém, a presença de Shina nessa missão era mais do que necessária. A amazona trazia na alma, o espírito de Maia; a filha de Atlas e antiga amazona de ouro de Serpentário.
- Seja lá o que ouvir de Atlas, não acredite. - Disse Atena, aconselhando Shina. - Ele tentará enganá-la, até que você se volte contra mim. Shina, por favor, não ceda. Atlas é perigoso, e fará de tudo...
- Ele não vai me convencer de nada, Atena. - Respondeu Shina com convicção na voz. - Sou a amazona de Prata que protege a deusa da terra. Eu luto somente por essa deusa.
Atena sorriu, mas logo seu sorriso desapareceu e em seu rosto deu lugar a preocupação e o medo.
- Você é a reencarnação de Maia, Shina, não se esqueça disso, pois Atlas não esquecerá.
- Assim como Maia, lutarei ao seu lado para derrotar Atlas, Atena.
A deusa pôs a mão sobre o ombro da amazona e disse com suavidade:
- Não quero que lute como Maia. Lute como Shina... A Shina amazona de Prata de Cobra.
A amazona assentiu, e não tornou a falar.
As duas subiram o Monte Everest sem dificuldade. Assim que chegaram ao pé da montanha, a deusa do Santuário usou seu Cosmo para envolver seu corpo e o de Shina. Uma esfera dourada formou-se ao redor delas, e os ergueu até o topo.
- Atena, porque a senhorita não trouxe sua armadura?
- Não há necessidade, Shina. Nós não vamos demorar aqui. Iremos resolver nosso assunto e voltar em segurança para o Santuário.
Atena sorria enquanto respondia, mas Shina percebeu que por dentro a deusa estava insegura. O sorriso era uma forma de maquiar o verdadeiro sentimento de preocupação e medo que Atena sentia naquele momento.
O Jardim do Olimpo era um campo extenso que parecia não ter fim. Ao chegar no topo, Atena lembrou-se que Ikki de Fênix, havia pisado ali, trajando somente sua armadura de Bronze. Antes dele, nenhum humano tinha adentrado um dos jardins do lar dos deuses.
- A partir desse momento, não sai do meu lado por nada, Shina. - Disse Atena, pegando a amazona pela mão. - Não solte minha mão.
- Não soltarei, Atena.

- Ali está. - Atena esticou o braço e direcionou seu dedo para um grande portão vermelho e dourada erguido sem o apoio de paredes ou pilastras.
- Atlas está atrás daquela porta? - Indagou Shina surpresa.
Atena assentiu, e enrubesceu o cenho. Fazia milhares de anos desde a última vez que estivera tão perto do Olimpo. Com certeza, a deusa não espera regressar em um momento tão difícil como aquele. Olhar para o Portão da Punição a fez tremer e lembrar da violenta batalha contra Atlas naquele Jardim. Naquele dia o sangue de muitos deuses e cavaleiros jorrou. Atena viu o sofrimento de Maia e também sua morte, além do fim da era dos treze cavaleiros de ouro.
- Aquele portão foi feio pelo meu pai, Zeus. - Atena havia mudado o tom de voz, naquele momento falava como uma verdadeira deusa. - Apesar da aparência, atrás dele, encontra-se a dimensão para onde Atlas foi jogado após a nossa luta. No centro do portão há um selo escrito o nome de meu pai e o meu. Somente um poder comparado ao dos dois deuses pode retirar aquele selo.
- E o que a senhorita pretende fazer? - Perguntou Shina.
- Vou destruir o Portão da Punição.
Shina estava de máscara, mas pelo tom de sua voz ficou claro que ela deve ter arregalado os olhos ao ouvir aquilo.
- Mas, a senhorita disse que para tirar o selo é necessário o poder de dois deuses, sendo um deles Zeus, para destruir aquele portão nós precisaremos de muito...
Minha filha, que bom que está aqui.
Shina parou de falar subitamente, ao ouvir uma voz grave que ecoou em sua mente.
Eu esperei por você durante milhares de anos... Fico feliz por está aqui.
- Shina! - Bradou Atena ao ver que a amazona havia parado de falar repentinamente. Shina tinha os olhos fixamente direcionados para o portão. - Shina! Shina!
Venha minha querida... Estou lhe esperando... Sim, o seu pai está aqui.
Shina de Cobra deu uma passo para frente, mas teve o corpo puxado para trás, com um solavanco de Atena.
- Shina! Acorde!
A amazona desanuviou a cabeça, balançando-a de uma lado para o outro.
- Atena, a senhorita não ouviu?
A deusa arregalou os olhos espantada.
- Ele falou com você... - Atena apertou o punho de Shina. - Sim, ele falou!
Não dê ouvidos para ela... Venha! - Não! ela não vai Atlas!
Naquele momento, Atena usou seu Cosmo, e penetrou dentro da mente de Shina, que estava sendo perturbada pelo Titã.
- Essa mulher se chama Shina! Ela é minha fiel amazona! Não tente enganá-la, como fez com sua filha Maia!
Atlas deu uma longa gargalhada. Sua voz era uma mistura de terror e bravura. Era semelhante a uma tempestade de trovões que ecoam rigorosamente no céu.
Não seja ridícula! A Atena dessa Era não passa de uma mulher frágil! - Não cairei nas suas provocações, Atlas! Dessa vez, irei derrotá-lo com minha próprias mãos! Você será enviado diretamente para o tártaro, e lá viverá por toda eternidade ao lado de seus irmãos!
O Titã deu outra gargalhada trovejante.
E quem foi que lhe deu permissão para perturbar o meu castigo, Atena? Foi o seu pai, Zeus? Oh, é claro que não! Zeus jamais permitira que uma mulher tão fraca e imprudente como você ficasse responsável de tal missão. Me derrotar? Não me faça rir. Atena intensificou seu Cosmo, para que fosse possível se manter firme dentro da consciência de Shina. A deusa esperava que a amazona estivesse ouvindo tudo aquilo. Ela precisa ouvir. Não poderia ceder ao poder de Atlas por nada.
- Depois que enviá-lo para o tártaro, irei pessoalmente comunicar ao meu pai!
E quem disse que ele irá recebê-la? Os pecados que você e seus cavaleiros cometeram durante as últimas décadas ecoam pelo Olimpo como uma afronta aos deuses. Sabia que eles até pensaram em me libertar para dar um fim nisso? - É mentira! O deuses jamais se uniriam a você.
É mesmo? No passado, eu ouvi que um deus não podia se unir ao humanos para confrontar outro deus. E o que você fez? derrotou Poseidon e Hades sozinha? Não... Os humanos o fizeram! Uma nuvem de Cosmo explodiu e Atena foi lançada para fora da mente de Shina. Mesmo estando preso Atlas tinha mais forças do que ela poderia imaginar. Por isso, a deusa da terra ergueu seu báculo mais uma vez e concentrou seus Cosmo com mais intensidade.
- Atlas! Eu jamais permitirei que você toque na Shina! Enquanto ela estiver ao meu lado, seu plano não irá dar certo...
Deveria abrir direito os seus olhos, Atena. A deusa virou-se para o lado e arregalou os olhos. Aquela que segurava não era Shina, e sim um boneco de terra que começou a se desfazer rapidamente. Atena tornou a olhar na direção do portão, e viu o corpo da amazona de Prata de Cobra flutuando em direção a ele. Shina estava sobre o controle total do Titã, e não tinha nada que pudesse fazer para sair dele.
Seu erro foi trazê-la para cá, Atena. Como uma deusa, você deveria ter sido mais prudente! - Atlas! - Bradou Atena erguendo seu báculo. - Não vou permitir que você use minha guerreira. Tome! LUZ DIVINA!
Um brilho dourado emergiu do topo do báculo sagrado de Atena, e seguiu em alta velocidade em direção ao corpo de Shina. Em resposta, Atlas fez surgir um brilho negro envolta de Shina. Os dois Cosmos gigantescos se chocaram, um estrondo ecoou por todo o Jardim do Olimpo. Flores foram arrancadas com violência da grama, pilastras foram destruídas e Shina ainda continuava sobre o poder de Atlas.
- Não pode ser... - Atena usou boa parte de seu poder naquele ataque, esperava que pelo menos fosse suficiente para tirar Shina do poder do Titã.
Atlas deu outra longa gargalhada.
Quanta ingenuidade, Atena. Acha mesmo que vai me derrotar com um poder desses? Mas se quiser continuar tentando, vamos lá. Não me importo se você matar a sua guerreira, o corpo dela terá outra utilidade para mim! - Desgraçado! - Uma lágrima rolou dos olhos de Atena. - Shina! Shina!
Não adianta! Ele não pode te ouvir! Atena abaixou o báculo, e correu em direção ao corpo da amazona. Atlas percebeu a investida de imediato, e então usou mais uma vez seu poder para criar ervas daninhas gigantescas que prenderam Atena, impedindo que se movimentasse.
- Solte-me!
Claro que não! Sua deusa estúpida e fraca! Pagará caro pela sua imprudência. Atena tentou mais uma vez erguer o báculo, mas foi impedida. Uma das ervas daninhas, apanhou sua arma dourada e a lançou para longe. Atena estava presa e sem meios para se libertar.
Atena! observe a ascensão do novo rei do mundo... Atlas envolveu o corpo de Shina com seu Cosmo negro. A pressão do poder do Titã fez Atena cair de joelhos sobre a grama. Shina teve a máscara de amazona quebrada rachada e quebrada. Seus corpo ficou marcado por dezenas de cortes, de onde o sangue jorrou sem parar.
- Shina!!!
O corpo da amazona foi levado para perto do portão. Inerte, Shina foi controlada pelo poder do Titã que parecia ficar ainda mais poderoso a medida que ela se aproximava. O braço da guerreira foi levado até o selo feito por Zeus e Atena.
Você disse para a sua menina, que era necessário o poder de dois deuses para desfazer o selo... Mas, se o poder de um Titã estiver em questão, não precisamos de mais nada! - Isso é impossível! Você está preso, não pode retirar o selo.
Se isso fosse problema, não teria confrontado você e nem te aprisionado com essas plantas. Além disso, acha mesmo que se esse portão me impedisse de algo, eu estaria usando o corpo de Maia para retirar o selo? - O nome dela é Shina... Shina de Cobra. A Maia é somente uma lembrança que ela carrega dentro de sua alma!
Então eu vou te provar, que Maia ainda existe fortemente dentro do corpo dessa moça...
Atlas usou novamente o seu Cosmo negro, e ergueu o corpo inerte de Shina. Um brilho vermelho surgiu e com ele a imagem de uma moça parecida com Shina se formou.
Essa é a Alma de Maia... - O que você vai fazer com ela?
Atlas não deu a resposta com palavras. O Titã destruiu a alma de sua filha, que Shina carregava em seu espírito desde que nasceu. Fragmentos que mais pareciam cristais emergiram no local onde a alma da antiga amazona de ouro de Serpentário estava.
- O que você fez? - Perguntou Atena com os olhos arregalados.
Maia não existe mais. Agora você está certa. Atena fechou os olhos e concentrou todo o seu Cosmo envolta de seu corpo. Uma ventania tomou conta do Jardim do Olimpo, o céu que antes era azul, assumiu um tom cinza e pesado.
- Eu sou filha de Zeus... Deusa da terra, da sabedoria e da guerra! Jamais irei perder para você, Atlas maldito!
O Cosmo de Atena explodiu e se expandiu por todo o campo. As ervas daninhas foram destruídas. Agora, a deusa estava livre.
É tarde demais, Atena. O corpo de Shina foi lançado contra o portão. Uma explosão ecoou pelo jardim, e o selo de Zeus caiu sobre a grama completamente rasgado. Um silêncio tomou conta do espaço, e Atena que preparava-se para sair em disparada, ergueu-se e esperou. O céu que estava cinza assumiu um tom sinistro vermelho como fogo. O Jardim do Olimpo tremia, fazendo com que as pilastras fossem ao chão ruidosamente. Aquilo que os humanos chamavam de Monte Everest foi tomado por um colapso... E lá estava ele, de pé, com o corpo acorrentado. As pernas arqueadas, com o peso do mundo sobre as costas. Com as chamas do céu ardendo sobre sua cabeça. Atlas, o terrível Titã que Atena confrontara no passado estava parcialmente livre.
As risadas do Titã pareciam ainda mais intensas naquele momento.
- Deve estar se perguntando por que destruí a alma de Maia, não é? Sim, eu sei que está. Maia, passou a ser a fonte do meu poder quando fui preso pelo seu pai, Zeus. Eu sabia que no momento que fosse lançado dentro daquela maldita dimensão, seria impossível sair de lá. Precisava ter algo para usar, mas do lado de fora. Esperei por milhares de anos, mas para um Titã, até que não demorou muito. Atena, sua linda guerreira nasceu com a fonte do meu poder, e seu único propósito era esse. Foi para isso que ela viveu durante todo esses anos...
- O que fará com o corpo de Shina?
Atlas sorriu.
- Está vendo alguma corpo aqui? Atena arregalou os olhos, e chorou.
- O que você fez... Altas!!!
O Titã ergueu uma das pernas e lançou a corrente que prendia parte seu corpo em direção a Atena. O corpo da deusa foi envolvido pela corrente, e a cobriu dos pés até o pescoço. Atena tentou se mover, mas não havia poder suficiente para isso. Aquelas eram correntes feitas por seu pai, para aprisionar um Titã. Para um deus, aquele aço tinha um poder três vez maior.
- Enquanto saio para limpar esse mundo, você irá segurar o céu para mim, Atena.
Atlas puxou a perna, e no mesmo momento a corrente trouxe a deusa para perto do Titã.
- Sinta o verdadeiro peso do mundo em suas costa, Atena...